Acompanhamos de perto, dia após dia, cenas de crueldade humana ou da falta dela, que perpassam as mais diferentes estruturas da sociedade brasileira. Destaque para a questão do racismo, da desigualdade social, da opressão e exploração sobre os mais pobres, intolerância religiosa, corrupção na política, ineficiência do poder judiciário, violência doméstica, agressão contra a infância, violência contra os idosos, e outras formas que ameaçam a vida na sua integridade.
No dia 6 de junho do corrente ano, publiquei neste blog, uma reflexão que tratava do assassinato do americano George Floyd (http://rudineiaugusti.blogspot.com/2020/06/por-favor-nao-consigo-respirar-george.html). Recordamos que, em seu último instante de vida, ele suplicou por respirar. O ocorrido com João Alberto Silveira de Freitas, em Porto Alegre/RS, um dia antes do dia da Consciência Negra – 20.11.2020, não foi diferente. Infelizmente, a súplica foi recorrente.
Diante de tantas situações apontadas e das incansáveis súplicas que emergem das mais diferentes vozes, cabe-nos perguntar: Qual é o papel da educação na formação de pessoas, visualizando uma cultura de paz? Para responder essa pergunta, penso que é necessário convertermos a visão ingênua de sociedade em uma visão crítica, transformadora.
Os fatos estão aí, espalhados por toda a parte, para nos mostrar que precisamos ressignificar o papel educativo das instituições sociais. De fato, tudo o que vem acontecendo, vem sendo somado às angústias históricas, em um país que clama por mudança desde a sua existência.
Percebemos que, por todos os cantos da sociedade, pessoas clamam por mudança. O espaço educativo, em especial, a família e a escola, são por excelência, o lócus de tal anseio. É na família e na escola que se direcionam construções subjetivas dos valores e práticas que vão construindo a identidade do sujeito, sua ação moral e valores éticos que o orientam para o resto de sua vida.
Portanto, todas as mazelas sociais que contemporaneamente existem, são construções humanas, culturais históricas. Ninguém nasce racista, torna-se! Ninguém nasce pré-determinado à uma condição social, seja ela de paz ou de violência. Somos, portanto, construção de uma rede de relacionamentos, de convivência, de reflexão. a forma como agimos será orientada por essa construção educativa.
Diante dos fatos ocorridos, em especial, sobre a brutalidade do uso da força e do que esta significa para nossa análise, cabe reforçar a importância de um projeto urgente de mudança educativa. Educar, nessa nova proposta, vai além da profissionalização, atinge também a essência do ser humano, a formação de sua consciência, dos seus valores e princípios. Todo o resto, será consequência desses princípios.
Tudo que está em nossa consciência, se torna projeto. É através de sua liberdade, que o homem se projeta sobre o mundo. É no mundo o que o homem pronuncia, anuncia e denuncia. É na liberdade que o homem projeta sua ação. Ser livre implica, necessariamente, em colocar-se no lugar do outro, considerando que, ao pensar como agiria estando em seu lugar, também revelaria os princípios que o sustentam.
Entendo, por fim, que todas nossas ações são orientadas por concepções educativas - considerando a educação como um fenômeno voltada essencialmente para a formação do ser humano- e que as mesmas transitam para a liberdade de ação sobre a qual somos eternamente responsáveis.
Texto publicado da melhor qualidade! Vou trabalhar com meus alunos!
ResponderExcluirObrigada meu professor de pós Rudinei!!
Que Deus lhe abençoe sempre!!abração
Obrigado, colega Professora Eli Cabral. Sempre é bom contar com leitoras e pensadoras como você! Abraço!
ExcluirParabéns!!! Ótima reflexão.
ResponderExcluir