Recentemente somos comunicados de que há uma artista, que através de seus discursos vem minimizando a identidade e o papel social do professor. É um discurso irrelevante do ponto de vista da construção histórica da Educação e da importância desse profissional em nossa sociedade. No entanto, como vivemos em uma sociedade em que os radicalismos e os extremos parecem ganhar mais importância que a reflexão, propõe o pensar o professor em sua dimensão de maior complexidade: sua identidade, papel e compromisso social.
Professor lê, discute, elabora sínteses, conceitos e ideias. Realiza esse movimento porque seu trabalho exige decência. E a decência está na coerência entre aquilo que sabe, ensina e vive. A identidade pessoal e profissional do professor vai sendo forjada, construída e elaborada, em uma seara de conflitos pessoais, identitários e culturais. A construção de um professor, bem como sua elaboração teórica, na docência com decência, não ocorre de um momento para outro, não explode na mídia, através de um vídeo do YouTube, ou mesmo durante um show de 30 minutos. A decência na docência, com coerência, leva quem sabe, uma vida toda!
De fato, professor não ganha 70 mil reais para ministrar uma aula. Mas o valor do saber é para uma vida toda, e não para uma noite, ou quem sabe no máximo um ano. O valor do saber não está na explosão de um momento, na euforia do apelo sexual ou imoral, mas na insistência do poder do argumento. O apelo, a euforia, leva toda uma sociedade há um impulso extremo contra valores, que esteriliza as boas relações, a sadias convivências e a continuidade da construção da humanidade. Em síntese, o saber humaniza! Por isso, o professor é humano e humanizador! Suas relações com o saber e com os seres humanos não é um ingresso pago, mas um compromisso que vale muito mais do que 70 mil reais.
O professor não precisa tirar a roupa ou mesmo incitar sexo explícito para chamar a atenção! Basta um bom dia, uma acolhida, uma palavra. Professor tem o dom e dizer bem, e ao dizer bem, a palavra se torna bendita. Professor, de fato, tira muitas coisas: O invólucro da ignorância, a roupagem da imoralidade e da corrupção política formada pelo senso comum na consciência de cada um, a camisa de força do preconceito, do racismo, da xenofobia, da homofobia, da intolerância religiosa, entre outros. Assim, o professor não encarna a imoralidade, a indecência, a falta de pudor, entre outros, para fazer seu show!
Professor não é momento! Professor é eternidade! São muitos que passam pelo professor todos os dias! São muitos professores que passam por seus alunos... Não! Eles não passam! Nessa relação de professor e aluno, não há quem passe, cada um fica um pouco no outro! Cada um ensina, e ao ensinar, também aprende! Aluno e professor, professor e aluno, estabelece uma relação de eternidade. Por isso, o professor não é momento, professor é eternidade!
Por fim, podemos influenciar as pessoas, os nossos jovens e as nossas crianças, com coisas boas e ruins. A escolha, é nossa! Somos os adultos da história! Precisamos direcionar bem os nossos jovens, para que eles possam direcionar bem os seus filhos, valorizar a vida antes de mais nada. Valorizar a vida em sua complexidade, compreendendo antes de tudo, que a cultura é uma questão prioritária quando você quer formar seres humanos íntegros, maduros e com capacidade de dar continuidade a tudo aquilo que os bons professores e familiares construíram. Enfim, um show de irrelevantes apelos, não pode ser mais importante, do que uma caminhada educativa realizada por muitos professores!
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