O homem se emancipa a partir do momento em que pergunta. A pergunta se expressa através da palavra, na palavra o sentido, no sentido, a existência. Destarte, a pergunta tem aparecido no contexto social em diferentes localizações. Aqui o que se discute é a pretensão de retomar as perguntas fundamentais como base para recuperar o sentido da existência humana.
Pode parecer óbvio, mas não é: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? – são questionamentos que acendem no interior de cada indivíduo a dúvida. A dúvida, desacomoda.
É certo que, os primeiros filósofos apontaram essas questões como princípios de mudança de paradigma. Era necessário transcender as respostas oferecidas pelos mitos. O mito, não apenas era uma explicação, mas uma presunção ideológica. Então, acomodar-se diante do oferecido pelo mito, era tido como aceitar a função ideológica do mesmo. Essas questões não apenas faziam parte da pauta dos primeiros filósofos. Diga-se de passagem que essa preocupação se estendeu até o Século XVII, quando através do Racionalismo cartesiano e o Empirismo britânico o que passou a importar não é mais “o que é?” (essência), mas “como?” (método), uma vez que o importante não era saber o que é a verdade, mas como entrá-la.
É correto afirmar que a abordagem moderna possibilitou muitos avanços em todas as áreas do conhecimento; no entanto, podemos sublinhar duas questões sobre as quais necessitamos pensar: o método como imperativo da fragmentação do saber complexo e, decorrente disso, a primazia do pensamento instrumental.
Em primeiro, a metodologia da pesquisa no âmbito da modernidade, se constitui como a investigação das partes, negando o sentido da totalidade e da complexidade do homem em sua dinâmica de existência complexa. O saber complexo dá lugar ao saber especialista. Em segundo, se não bastasse o fragmento, o mesmo necessita de um especialista capaz de gerenciá-lo com habilidades metodológicas instrumentais.
Qual é o impacto desse pensar para a educação? O ensino e a aprendizagem passaram a ser constituídos por especialidades. O professor, especialista em seu saber, técnico em suas operações metodológicas – ingênuo diante do todo. A escola, o trabalho docente e a aprendizagem se tornaram produtos. O homem se tornou parte do todo, e essa constituição foi para a escola, fábrica, hospital, lazer, religião...
O desafio é construir uma escola que recupere o sentido do complexo, o sentido original da pergunta pela complexidade da vida. O desafio é compreender que o todo não é formado de partes, mas que cada parte é formada pelo todo e que, nunca houve fragmentação, fomos nós que a criamos. Assim, recuperar o sentido do complexo na educação é reconstruir-se antropologicamente, garantindo que a vida seja vivida em sua plenitude.
Sugiro como reflexão, o documentário abaixo:
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