Segundo Durkheim (1858-1917), sociólogo considerado um dos pais da sociologia moderna, a vida em sociedade passa por dois estágios: a solidariedade mecânica e a orgânica. Para entender essas duas formas de solidariedade social, Durkheim fala que todos nós somos pré-condicionados em nossas ações, ou seja, nossas ações são determinadas pelos fatos sociais. Estes são entendidos como os modos de vida, língua, costumes, hábitos, formas de pensar, política, educação, etc.
A Solidariedade Mecânica na acepção durkheineana de sociedade, pode ser comparada ao funcionamento e a estrutura de um relógio. Esse modelo nos remete a pensar em um sistema formado por engrenagens, onde necessariamente uns não necessitam dos outros para sobreviver. Quando uma engrenagem já não serve mais (por desgaste ou outro problema) ela é imediatamente substituída para que o sistema mecânico do relógio volte a funcionar em perfeita harmonia. No sistema social mecânico, vivemos acertadamente o que a analogia do relógio significa. Para tanto, basta observar no mercado de trabalho funcional: quando um trabalhador não está mais adequado para tal função, ele é descartado.
Já a Solidariedade Orgânica prevê um modelo social baseado na analogia de um corpo orgânico, onde cada órgão é individual mas necessita do outro para executar bem sua função. Por exemplo, o coração precisa do pulmão, o pulmão precisa do cérebro, o cérebro…etc. Assim, se observado no tecido social e em toda sua esfera de funcionamento, percebemos que independente da profissão que cada um tem, todos precisam uns dos outros. Àquilo que eu produzir é inerente e necessário à sua sobrevivência. Os socialistas criticaram Durkheim no quesito da produção de uma sociedade extremamente individualista, ou seja, cada um, segundo a concepção dos socialistas, acaba buscando aquilo que lhe convém. Durkheim rebate a crítica com a ideia de que, justamente por ser de esfera individual, nessa solidariedade é que uns precisam dos outros, pois aquilo que eu produzir não somente me basta para sobreviver.
Se aplicado essas teorias às concepções pedagógicas em educação, observamos que o interessante seria o desenvolvimento das competências e habilidades individuais; sem antes, perder o sentimento de coletividade. Afinal, o modelo mecânico não inova, apenas reproduz.
Está na hora de parar o funcionamento do relógio e compreender que não é o tempo ou o seu funcionamento que dá vida à sociedade, mas a criatividade que se emprega nesse tempo, ou ainda, o seu significado. Educação precisa de significado! Enquanto não há significado, as engrenagens do relógio continuam a fazer o seu belo trabalho, mesmo sem saber por quê o fazem.
Nasce da visão orgânica da sociedade um sentimento de que pertencemos uns aos outros. Surge a concepção de que vivemos um tempo em que precisamos cada vez mais uns dos outros para sobreviver, à isto chamamos de era planetária. Não dá mais para imaginar que a natureza, o outro homem estão à nosso serviço, portanto, devem ser explorados! Não dá mais para pensar um mundo sem solidariedade, sem educação!
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fantástico o seu texto professor. realmente é o que vem acontecendo em nosso mundo social.
ResponderExcluiruma frase que me chamou muito atenção
"todos nós somos pré-condicionados em nossas ações"
grande abraço
ate mais
Leila Regina Conrad
Olá Leila!
ResponderExcluirEm primeiro, gostaria de agradecer em muito sua visita! Seja sempre bem-vinda!
É, de fato "todos nós somos pré-condicionados em nossas ações"! É o que Durkheim chama de Fato Social, é sempre de Caráter Externo (normas, moral, costumes, hábitos construídos pela sociedade antes mesmo de nossa existência) e ainda Coercitivo, que significa que além de serem externos à nosso livre-arbítrio, também influênciam/determinam na forma como nos portamos.
Abraços,
Prof. Rudinei