Francis Bacon, filósofo inglês do Séc. XVII dizia: “Saber é poder!”. Bacon estava diante de uma necessidade que emergia do seio de sua sociedade: o Desenvolvimento Científico. Hoje, estamos altamente desenvolvidos a ponto de acreditar mais em nossa arrogância do que em nossa natureza; à ponto de pensar que, por mais que saibamos de seus riscos, eles não nos são importantes, pois os minimizamos, o tornamos ingênuo diante de nossa tamanha confiança em nós mesmos e nos nossos artífices. Mero engano! O que vemos, é que o “poder” ganhou um espaço, enquanto o saber e a sensibilidade ficaram à mercê do sentido da vida.
Todo poder implica de certa forma, em uma imposição de alguém em relação à alguém. Em nome do poder, o homem rompeu o seu “cordão umbilical” com a sua mãe, a natureza. Se apoiou em uma racionalidade assentada nos princípios da técnica e do egocentrismo, se tornou, como dizia Nietzsche, “senhor de si mesmo”. O Séc. XVII inaugurou o modo de pensar moderno. O que se entende como ultrapassado deve se deixar de lado. Abandona-se o sentimento de dependência, aliás, para que ser dependente, se tudo podemos? Deus é abandonado! O antropocentrismo é inaugurado sob a opressão da cosmologia, da vida e de tudo que há na terra. A obra “A Criação” de Michelangelo, com enfoque no Renascimento (Séc. XVI), demonstra a transferência de um poder divino ao homem. O homem sentado sobre a Terra representa sua superioridade em relação aos demais animais e seres vegetativos. É angustiante pensar que ainda reproduzimos essa consciência em nossas formas de pensar!
Já o Saber, como dizia Sócrates, exige tamanha humildade, a ponto de reconhecer de que “só sei que nada sei!”. Esse princípio, elege um terceiro: a sensibilidade. Não é possível o Saber sem ser sensível! Toda sensibilidade aponta à percepção como princípio da dúvida, e portanto, da pergunta. Quando perguntamos, desestruturamos nossa condição de senhores e, passamos a nos colocar no lugar daquele que sabe apenas que nada sabe. Quando perguntamos pela sensibilidade, inauguramos um novo modo de pensar e agir: a sensação de que, nosso “cordão umbilical” com a mãe natureza ainda não foi rompido. Precisamos de seu oxigênio que embala nossas entranhas; da água que refresca nossa sede e do alimento que sustenta nossa arcada óssea.
No entanto, não agimos assim! E nossa mãe, sob forma de aviso, sensivelmente nos evoca a pararmos e pensarmos como anda nossa relação com ela. A sensibilidade é tamanha que provoca destruição! Parece que chegamos ao limite existencial, onde a sensibilidade assume o papel da extremidade. Supostamente ainda, gerações após gerações continuarão a conduzir de forma irreversível o caos ensinado pelos seus antecedentes.
Nós, educadores estamos fazendo um trabalho de “formiguinha” muito importante: não precisamos sair por ai catar latinha, recolher pneus, etc., estamos sim, por meio do ensino-aprendizagem conduzindo nossos jovens para um mundo mais sensível e de percepção. Quem sabe assim, a destruição deixe de ser apenas um toque de sensibilidade.
Pensamos demasiadamente, sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura, que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá. (Charles Chaplin).
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