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quarta-feira, 29 de julho de 2015

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PEDAGOGIA DE PROJETOS OU UMA NOVA PEDAGOGIA?

oscarNye_sonharMais do que nunca, dinamizar o processo pedagógico escolar através de projetos se tornou inevitável. É sangue novo! É pedagogia nova! Será? Nem tão nova assim…No século XX, a partir da literatura de John Dewey e Kilpatrick, surge uma nova proposta: a Pedagogia de Projetos. Em outras palavras, uma pedagogia que veja a escola como um lugar vivo, um local que trabalhe os problemas sociais em situações sociais. É a pergunta a partir da realidade. Atividades que partem de problemas reais, que fazem sentido para aqueles que ali se envolvem. É a escola inserida em sua vila, bairro, comunidade…em sua realidade. É a escola que se insere na proposta que só é possível aprender, fazendo.

Existem muitas escolas que estão inseridas em determinado contexto. Não basta! É preciso estar inclusa, ser partícipe, incomodar-se com a realidade; questionar a realidade. A escola inclusa está atenta às questões do seu lugar, do seu aluno, da sua inserção política e pedagógica. A escola inclusa transforma sua pedagogia em uma pedagogia da inclusão, um processo que retroalimenta-se a partir do contexto de realidade. Quando a escola apenas está inserida, ela dá conta da reprodução oculta de sua representatividade social enquanto aparelho ideológico do Estado, por isso, não transforma. A escola inserida não tem identidade, é reprodutora! Já a escola partícipe é comprometida, sua identidade está no compromisso de formar cidadãos críticos, conscientes e reflexivos. Essa escola, em seu processo histórico, garantiu historicidade dialética; ou seja, a comunidade enxerga-a como um lugar de debate, pesquisa, construção de conhecimento. Escola que transforma pessoas, é lugar de pessoas que “gostam de cheiro de gente”.

Há, através da Pedagogia de Projetos, uma proposta de uma nova pedagogia: a pedagogia da escola inclusa, partícipe. Para tanto, a metodologia a ser adotada precisa considerar que, os problemas que são debatidos na escola são/estão contextualizados no interesse coletivo e que, portanto, envolvem o coletivo de alunos, comunidade, etc. Não basta um problema coletivo, é preciso verificar se a ação da escola em sua proposta é praxiológica, pautada na reflexão-ação-reflexão. Se assim o for, outro aspecto é, a impossibilidade de trabalhar projetos pedagógicos de maneira disciplinar. Para isso, busca-se globalizar os saberes “engavetados”, distribuindo-os em competências e habilidades interdisciplinares. Por último, a velha premissa socrática, a humildade em querer aprender a aprender.

Quais são os ganhos? Qual é a proposta de envolvimento dessa nova pedagogia? Pode-se enumerar alguns:

  1. Relação Praxiológica do saber.
  2. É motivacional à aprendizagem.
  3. É mais prazeroso e desafiante.
  4. Promove a elaboração de estratégias.
  5. Estimula a fazer escolhas e buscar responsabilidades.
  6. Trabalho coletivo e interdisciplinar.

Sendo assim, no contexto está a busca; na realidade, o desafio! É necessário sair do paradigma da escola ilha, para o paradigma da escola complexa, onde não se juntam as disciplinas e partes para compor o todo, mas o reconhecimento do todo em cada parte. O todo que está em cada parte é a realidade. Então, Pedagogia de Projetos ou uma nova Pedagogia? ((•)) Ouça este post

domingo, 19 de julho de 2015

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PROFESSOR-PESQUISADOR: DEMANDAS E EXIGÊNCIAS NA REALIDADE ATUAL

professor_pesquisaDiscutir o papel do professor bem como as demandas e exigências na realidade em que o mesmo se insere, tem sido o desafio de muitos processos formativos, orientados por professores pesquisadores. A grande questão que está é a pergunta: Como caracterizar o professor pesquisador, bem como suas demandas e exigências? A partir dessa pergunta, segue a reflexão proposta.

Eça de Queiróz dizia que “para ensinar, há uma fomalidadezinha a cumprir – o saber”. Essa afirmação serve de início à nossa reflexão. Não posso pensar o ensino desconexo da pesquisa. O saber não é/está isolado na dimensão do ensino. Existem formalidades, processos, metodologias…

Uma vez que, por excelência, o trabalho docente se dá na dimensão do ensino e pesquisa, é preciso entender que tipo de saber estamos falando? Qual é o saber que constitui o professor? O que entra em composição quando se fala em saber docente? Como se desenvolve esse saber?

Respondendo as questões elaboradas acima, percorre-se o caminho do saber do professor a partir do ensino e da introdução às primeiras letras, a avaliação no processo de ensino e de aprendizagem, a manutenção da disciplina em sala de aula, a administração escolar no âmbito da gestão e, principalmente, o planejamento escolar. Para o desenvolvimento de tais atividades, é necessário o conhecimento do contexto em que as mesmas se inserem. É nesse espaço contextual, temporal, da escola que surge a necessidade da pesquisa. É nesse lócus que o professor é pesquisador. É na investigação do saber que o compõe que o mesmo se torna professor-pesquisador.

Precisamos então, buscar a definição de professor e pesquisador:

Professor: aquele profissional que ministra, relaciona ou instrumentaliza os alunos para as aulas ou cursos em todos os níveis educacionais.

Pesquisador: aquele que exerce a atividade de buscar reunir informações sobre um determinado problema ou assunto e analisá-las, utilizando para isso o método científico com o objetivo de aumentar o conhecimento de determinado assunto

Assim, Professor-pesquisador é aquele professor que parte de questões relativas à sua prática com o objetivo de aprimorá-las” (GARCIA, Vera C. G. Fundamentação teórica para as perguntas primárias: O que é Matemática? Porque Ensinar? Como se ensina e como se aprende? Apostila, 2007.)

Portanto, partindo de que o professor-pesquisador assume a pesquisa como prática docente, ele também é aquele que reflete sobre a sua prática. É o professor-reflexivo. Por mais que exista na literatura textos tentando apontar diferenças entre eles, os mesmos fazem parte da preocupação da busca de um professor indagador, aquele que vê o problema na própria realidade e a toma como objeto de investigação, tematização e ação.

Sendo assim, a metodologia de pesquisa do professor-pesquisador, não pode ser outra que não a pesquisa-ação. O professor-pesquisador mobiliza-se diante da realidade em que está inserido, buscando intervir, transformando. É no processo de transformação que ele dispõe da pesquisa-ação para elaborar um plano de ação, intervenção.

Concluindo, o que caracteriza o professor-pesquisador como tal, é a possibilidade da mobilização a partir da investigação de sua realidade.

(Sugiro investigar: Lawrence Stenhouse, John Elliott, Donald Schön, Pedro Demo, Corinta Giraldi, Marli André – Teóricos do Professor-pesquisador e Pesquisa-ação) ((•)) Ouça este post

quarta-feira, 15 de julho de 2015

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A PESQUISA-AÇÃO COMO PROPOSTA DO CONHECER E DO AGIR PARA O ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO

sonharpararealizarTodo professor sabe: o aluno que só assiste aula, não aprende. Aprendizagem é mais que assistir, é participar. No Ensino Médio Politécnico se quer mais: não basta participar da construção do conhecimento através dos processos epistemológicos e metodológicos da pesquisa, é necessário agir. Já dizia Karl Marx nas “Onze Teses de Feuerbach”: “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo.”

Abandonar a metafísica escolar é o grande desafio. A escola não pode mais ficar fundada em belos discursos, extensas lições de oratória e retórica, em sua maioria, desvinculados da práxis social do aluno. Se de um lado a escola reproduz o sentimento de clausura, as transformações sociais nos impõe tomada de decisão. É necessário agir com urgência na incerteza. É a crise, o movimento, a transformação.

O saber tem sabor e significado! O significado está na palavra que exprime o contexto. O contexto é a vida. Problematizar o contexto é a grande busca, a máxima pesquisa.

Se por um lado, a pesquisa-ação, em seus três momentos, busca no Ensino Médio Politécnico Investigar, Tematizar e Agir sobre a realidade, há um movimento ideológico que busca colocar “lentes” do preconceito sobre o saber em nossos jovens. Essa “lente” é sim, projeção dos resquícios de uma proposta paradigmática de ciência na Modernidade. Nesse paradigma a ciência é vista como masculina, somente para pessoas adultas, enclausurada em laboratórios, entre outros. É uma ciência morta. Não há movimento. É a ciência pela ciência.

Assim, a pesquisa-ação surge como uma nova proposta que integra elementos conceituais, teóricos e metodológicos, inseridos na dimensão do interesse da coletividade. A sua finalidade, é transformar a realidade em que se está inserido. Ela é um procedimento reflexivo, sistemático, crítico, que liberta. Livre para agir, o pesquisador indica sua forma de intervenção na realidade. A partir daí, os sujeitos sempre estão envolvidos nos dilemas da realidade a ser pesquisada sobre a qual irão transformar.

O objetivo da pesquisa-ação é buscar a emancipação do estudante. Entre os grilhões da modernidade, o mesmo se vê condenado à aceitação e à reprodução de saberes alienados pela força daqueles que detém o poder, em escala social.

Assim, os momentos da pesquisa-ação, são muito mais que etapas. É metodologia! Caminho a ser seguido para coletar dados, analisar e transformar; quando transforma, transforma-se o objeto em sujeito ativo.

Para tanto, na pesquisa-ação os dados servem como elementos anteriores às categorias de análise. Mas a pesquisa não fica apenas neles. Há o processo de elencar as categorias, transformando-as em temas geradores. Após, necessita programa a ação coletiva. Para tanto, é necessário realizar estudos, avaliar os projetos de ação, mas principalmente, elaborar um planejamento comunitário de ação coletiva.

Finalizando, a pesquisa-ação não se serve de modelos. O argumento está em que, além de inserir-se na realidade de cada um, pois sua principal característica é a intervenção, exige que se estabeleça uma relação dialética, ou seja, a percepção da transformação social não é dada como modelo, mas é construído. Essa construção se desencadeia no processo de pesquisa-ação. ((•)) Ouça este post

segunda-feira, 13 de julho de 2015

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O ESCRAVO MODERNO REFÉM DA SUBSERVIÊNCIA MERCANTIL CRUZA OS BRAÇOS E DIZ SIM!

“Que época terrível é esta, onde idiotas conduzem cegos”
(Willian Shakespeare)

servidaomodernaA proposta aqui apresentada é refletir sobre a condição da escravidão moderna. De outro lado, é discutir o escravo moderno inserido em um sistema totalitário e mercadológico, que coloca o homem em uma condição de subserviência. A leitura crítica dessa condição é necessária para compreender de que forma o homem, livre por natureza, se coloca em uma condição servil diante das organizações dominantes do mundo, seja no âmbito da economia, política, tecnologia.

O termo “escravo moderno” se refere ao homem em sua condição laborante, dominada, alienada. O escravo moderno é o reprodutor da lógica do sistema. O pior, é perceber que o mesmo não tem consciência de sua alienação. Logo, a proposta do debate, não é apresentar soluções ou respostas prontas, mas aponta para o modelo social que se propõe combater.

De outra forma, se espera que, através da reflexão, possamos questionar e difundir as questões debatidas. Assim, por não apresentar um “manual” instrucional sobre a ação da qual se propõe, a discussão afirma que a liberdade de pensamento e ação deve ser a principal característica humana.

Encontramos essa condição na dialética marxista, onde a salvaguarda revolucionária está na condição de conduzir o operário em direção à liberdade de sua condição. É no estranhamento da sua condição, que se dá no elemento material da vida (condições materiais de vida), que os homens se colocam na condição de revolucionários. Revolucionar significa pensar diferente!

Temas como Alienação, Modos de Produção, Mercadoria, Obediência, Trabalho, Poluição, etc, são abordagens recorrentes do debate em “Da Servidão Moderna”.

Nessas temáticas, percebe-se que a servidão moderna se dá de forma voluntária. É o desejo pela compra – o fetiche pela mercadoria torna o homem cada vez mais escravo de sua condição alienante. Esse fenômeno só é possível quando, através das revoluções das máquinas foi tirada do proletariado a consciência de sua exploração. Hoje, as pessoas estão totalmente escravizadas. É a legitimação da exploração que ocorre de maneira livre. É sintoma da alienação aceitar sem discutir a vida lamentável, resignada e desgraçada que o sistema preparou para todos nós.

Há a possibilidade de mudança. Para tanto, é o medo, a condição servil diante do mercado, dos meios de produção, dos governos que expoliam a condição humana do escravo moderno. Baixar a cabeça diante dos “donos do mundo”, aceitar a humilhação e a miséria por medo é o que há de mais alienante na condição servil humana.

É necessário criticar. A crítica produz mudança de pensamento, produz estranhamento. Quando o escravo moderno estranha sua condição de alienado, ele muda. ((•)) Ouça este post

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DESCARTES, O MÉTODO E A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

DescartesRené Descartes, ou Renatus Cartesius, é considerado o “Pai da Modernidade”. Essa afirmação é resultado do desenvolvimento de uma filosofia baseada no Racionalismo Moderno, inspirada na Filosofia de Platão. Descartes parte da dúvida, buscando a certeza da verdade. A verdade, conceito tão debatido em Filosofia, em especial pelo Racionalismo e Empirismo, é possível em Descartes através do Método Cartesiano.

Para o Racionalismo as ideias são inatas, ou seja, já estão em nós (em nossa alma) desde o momento de nossa concepção. O mundo é dado. Sabemos, porém, não lembramos. Surge então a dúvida. Para buscar a verdade, o Método.

A preocupação com o método, não é restrita à Filosofia de Descartes, mas sim, é uma característica do pensamento filosófico da Modernidade. Da Filosofia Antiga até a Filosofia Humanista-Renascentista, a preocupação era com a pergunta ‘O que é a verdade?’, já a partir da Filosofia Moderna, a grande questão é ‘Como posso conhecer a verdade?’. Nessa perspectiva, surge a necessidade do Método.

Para Descartes, Racionalista Moderno, o Método é dedutivo-matemático. É necessário chegar à uma verdade inquestionável. E de fato, ele o consegue. Coloca em dúvida todas as coisas, reduzindo-as à origem da mesma (da dúvida). Se penso, e para dúvida é necessário pensar sobre o pensar, é porque o pensar existe. Este é o Cogito (pensar). Portanto, o método é dedutivo-matemático, porque não tem como base o indutivismo e muito menos base empírica. Assim, a alma é distinta do corpo.

Descartes então descreve quatro regras para o método matemático que, colaboram para a busca da verdade: a) Nunca aceitar como verdadeiro aquilo que não lhe parecer claro e evidente; b) Dividir e tantas quantas forem as partes de um problema que se demonstre complexo; c) Analisar cada uma das partes, das mais simples às mais complexas e, d) Enumerar cada uma das partes verificando se nada foi omitido.

Em sua Teodicéia, desenvolve a ideia de que Deus é uma ideia primária, ou seja, a primeira, a perfeita e, não depende das outras para existir. Já as outras ideias, são extensões de Deus pois dependem da mesma para existir.

A partir da ideia do racionalismo matemático, Descartes critica o Empirismo, segundo o qual, o conhecimento empírico se dá por extensão; portanto, o conhecimento é imediato, ou seja, é um conhecimento da consequência e não da causa.

Assim, se percebe que a construção de conhecimento em Descartes se dá a partir da investigação da dúvida através do método cartesiano. O método aparece como ferramenta necessária para esse processo. ((•)) Ouça este post

domingo, 12 de julho de 2015

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O VELHO CONFLITO JUVENIL: NO “MEU TEMPO” ERA ASSIM…

(Antes de começar a ler, ligue o som e clique no play)

O que é ser jovem? Dizem que descobrimos quando já vivenciamos essa fase. Alguns definem como sendo cronológica, outros como estado de espírito. Não posso definir juventude pelas vivências que tive em minha juventude. É erro. Cada um tem suas experiências que vão definindo a sua juventude, seja ela em tempo cronológico, seja em formação de identidade. Cada um é experiência única. É pura singularidade. Apesar de o ser assim, insere-se a singularidade na pluralidade: é o grupo de amigos, família, escola, igreja, baladas, etc. Ali é o lugar do conflito. É o singular sendo vivenciado no plural.

proteçÃoNesses espaços plurais a convivência é o objetivo. Se estabelecem regras. É o velho conflito juvenil: regras! Acompanhadas do bordão “No meu tempo era assim…”, as regras são uma tentativa de ordenar, quiçá de harmonizar.

Aprendemos a conviver sob a vigilância do plural. O singular é menor e inferior diante do plural. Não há maximização do indivíduo diante do coletivo. A norma confere soberania ao coletivo diante do indivíduo. É a ética diante da moral. A moral, orienta. A ética reflete.

Pudera, pois, refletir sobre um tempo que não o de agora? Esse é o velho dilema juvenil. “No meu tempo” quer dizer de que, agora não é mais. Passou! Foi-se…Localizar-se fora de seu tempo, sempre é uma guinada existencial necessária quando se quer re-significar o que já foi mas que continua sendo importante. Esta é a necessidade do enfrentamento do conflito.

Existem muitos valores banalizados, portanto, sem sentido em tempos de agora, que necessariamente, dentro de uma postura ética, precisam ser re-significados. Exemplos não faltam: respeito, política, educação, sensibilidade, etc. Há que se dizer que, vivemos um tempo de crise dos valores humanos. Eles foram deixados “no meu tempo” e, hoje pouco significam. Sentir falta dos mesmos é revelar o humano que foi esquecido em sua matriz.

Ser jovem, portanto, não é negar o que era importante, mas sim, usar da ética e da moral para orientar sua vida. Ser jovem é começar sempre. Há àqueles que deixaram de começar, sonham com o fim. Ser jovem é entender que “no meu tempo” não significa o passado, mas sim, uma constante retomada daquilo que foi e continua sendo bom, válido.

É a transição. Existem os pós-jovens. Precisamos de Neo-jovens. Não precisamos de ruptura com o passado. Precisamos de uma continuidade refletida. Sem ruptura, com reflexão, o homem se faz melhor, mais humano, mais sensível diante do mundo. Assim é o jovem.

Enquanto isso não acontece, “no meu tempo…” ainda é válido! ((•)) Ouça este post

sábado, 11 de julho de 2015

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A NOTÍCIA EM EDUCAÇÃO: UM DICIONÁRIO DE DISSABORES PARA EDUCADORES SONHADORES!

FraseVoltaire_L335Fiquei perplexo! É horrendo! Estupidamente triste! Não te assustes…estou falando do vocabulário que os meios de comunicação utilizam quando falam em educação. Expressões como “abaixo da meta intermediária”, “péssimos números”, “erros cometidos”, “Sem fôlego”, “deixa de atrair os jovens”, “alta taxa de evasão”, “atraso de dois anos ou mais”, “triste projeção para o país”, “fica longe das metas traçadas”, são comuns quando se noticia qualquer movimento sobre educação no Brasil. Não bastasse isso, a saída é apontar este ou aquele sistema – geralmente de outros países – como cases de sucesso.

Veja a notícia mais lida nessa semana, nesse veículo de comunicação – clique aqui

Nada novo! Verificamos que o brasileiro, em sua maioria, criou a expectativa da visão invertida: o valor está naquilo que vem de fora. Esse é um processo oriundo desde os tempos de colonização; afinal, o brasileiro, é alguém que veio de fora, o colonizador. Triste é pensar que para colonizar, foi necessário massacrar a cultura que aqui já existia. Hoje, esse movimento se repete quando se pensa educação. O sucesso de modelos “de fora”, em detrimento ao que temos de bom.

Um dos aspectos que chama atenção, é que facilmente nos dobramos diante de. É a imposição de políticas massacradoras da educação popular. Considera-se mais importante bons resultados em avaliações externas com base em metas internacionais do que a valorização da cultura. Não é de estranhar que é necessário existir obrigatoriedade curricular de se trabalhar a cultura afro. Em um país como o nosso, a cultura afro já deveria estar naturalizada nos currículos escolares, mas…não!

Essas expressões negativas apresentadas em notícias representam um círculo de tensão que convencem pelos dados estatísticos. Por mais que exista o esforço dos professores para a melhoria da educação, parece que há um movimento que nega esse sonho.

Para entender esse movimento de tensão, é necessário compreender a educação na ótica liberal, do modelo de produção capitalista: a ideia é sempre produzir mais, em menor espaço de tempo. Faz parte! O professor é parte desse sistema! Está convencido de que deve ser assim.

Por mais que a notícia seja carregada de desgosto, o que mais encanta são as belas propostas de educação que temos nas escolas. A escola é o lugar do sonho. Lugar onde é permitido sonhar junto. Vai contra o sistema! Não importa! É no esforço dos professores, agentes educacionais, pais, alunos, que as propostas são realizadas. O foco é a cultura. A meta não é o tempo, mas a aprendizagem! A meta não é produzir de forma mecânica saberes, mas sim, significa-los.

Nossas escolas, assim como professores e alunos, são maravilhosos! Fazem do possível ao impossível para realimentar o sonho. O sonho que, muitas vezes, a sociedade destruiu! O sonho que, muitas vezes, nunca existiu! É movimento dialético: construir a crítica no diálogo, no entendimento.

Está na hora de noticiar o que é bom, o bem feito, o bonito trabalho das escolas. Está na hora de ouvir mais os professores do que os achismos de um dicionário midiático carregado de dissabores, sem sonhos, sem perspectiva, deplorável. ((•)) Ouça este post

sexta-feira, 10 de julho de 2015

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EM UM MUNDO ONDE A LOUCURA É NORMAL, A DIFERENÇA É UM PROBLEMA!

Muitos educadores apoiam a ideia de que a educação hoje deve ser vista como um processo. E de fato, o é. Mas, ela não é um processo que busca o desenvolvimento humano, mas que busca formar trabalhadores. É uma educação vista como processo que busca um fim. E não poderia ser vista de forma diferente, dada as condições em que esse sistema educacional que temos hoje foi construído.

A partir do Século XVII e XVIII, com a sociedade industrial, a educação passa a ser um processo de formação de trabalhadores. As Revoluções industriais necessitavam de mão de obra. A transição do Estado Absoluto (teológico) para o Estado Liberal (laico e burguês), apontou para o sistema educacional como a possibilidade de instrumentalização do homem da fábrica. O sistema educativo foi criado para produzir uma força de trabalho, e não para desenvolver a humanidade, a pessoa. O sistema educacional aliado ao sistema de produção capitalista liberal, fez com que as pessoas obedeçam e não pensem por si mesmas. Não havia lugar para pensar na indústria.

A educação então, se cunha como um sistema reprodutivo, para reproduzir uma certa maneira de ser que temos. É a busca de um padrão. É a negação da diferença, da diversidade, da abordagem complexa.

loucura-raulEsse sistema produziu em nós a percepção de que somos boas pessoas, e que vivemos em um mundo louco. Na verdade, o problema da loucura do mundo está em nós. Nós que criamos o mundo louco e, o que é pior, não reconhecemos nesse mundo a nossa loucura. Essa ausência de reconhecimento se dá porque estamos emergidos em um fenômeno chamado de normalidade. É na normalidade que padecemos, que não nos reconhecemos como loucos. Não é normal ser diferente. A diferença é vista como problema em um mundo onde todos são iguais. Normal é ser igual.

Há que ser normal, porque por trás da normalidade, há um imperativo de conformidade. Esse imperativo está instalado na categoria do ter. O Ter nos inspira a vontade do querer. É uma mente patriarcal, voraz. É a hegemonia do querer. Em geral, não sabemos o que se passa com o todo, pois perdemos a percepção do todo. Essa fragmentação colocou em crise a nossa sensibilidade, a alteridade, o reconhecimento de si no mundo e no outro.

Estamos no mundo do trabalho para o dinheiro, e do dinheiro para o trabalho. É um ciclo. Sair desse ciclo é ser diferente. Essa diferença é amplamente combatida, é vista como exclusão. Cria-se para tanto, a inclusão a partir do ter. É um retorno à normalidade. O reconhecimento se dá no ter, na vontade de querer, da posse, da propriedade. O normal é ter e não ser.

Assim, nessa premissa, a educação passa a ser um exercício, um treinamento, para a busca do ter e não para o ser. São dicas, tutoriais, treinamentos, motivações internas e externas que vão selecionando os aptos a terem. Aqueles que não são selecionados, lhes resta querer aquilo que os selecionados lhes oferecem: a possibilidade do trabalho e do emprego como possibilidade de serem felizes. E eles passam a vida trabalhando, buscando a felicidade prometida.

É interessante observar que no processo de loucura do mundo, restam a possibilidade da crítica. Só percebemos a nossa loucura, quando o ato de criticar for visto como algo patológico. A crítica na normalidade é banal. Já a crítica sobre a normalidade tem efeito. É formação humana. Vai além do simples ver o problema. É mais, é investigar, é desconforto, dor, sofrimento, é movimento!

De toda forma, enquanto o sistema educacional não perceber que em um mundo onde a loucura é normal, a diferença é um problema, ele continuará a reproduzir a normalidade do ser louco, em que o principal objetivo é a busca do ter. ((•)) Ouça este post

quinta-feira, 9 de julho de 2015

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DO PROLETARIADO CONSCIENTE À BURGUESIA INSANA!

marxSe de Karl Marx aos nossos dias, a crítica à Hegel ainda é inevitável, quero refletir aqui sobre a crise do modelo de sociedade em que vivemos, iniciando com uma frase de Nélson Rodrigues, que diz que "No futebol o pior cego é aquele que só vê a bola". Sim! Aquele que foi operário, e agora é burguês, só enxerga dinheiro. É o míope do senso comum!

Marx, através do materialismo dialética constrói suas ideias percebendo as contradições do sistema capitalista de produção. Um sistema que além de ser envergado a partir do desdobramento da exploração do homem, diga-se imediatamente, do outro (que estranhamente é visto como não-igual), apoia-se no materialismo. As condições sociais, sejam culturais, antropológicas, subjetivas e outras, constroem-se a partir das condições materiais da vida dos indivíduos.

Assim, burguês é aquele em que nada falta, mas tudo deseja. Operário, é aquele que a única coisa que tem, nas condições do capitalismo, não lhe pertence: a força de trabalho. Esta é o desejo do burguês. Esta, quando transformada em mercadoria foge da dimensão de pertencimento do operário.

O operário, quando estranhado à sua exploração, busca a transformação social. O burguês busca a reprodução do sistema. Para o operário, a consciência que promove a luta de classes é o único caminho que pode levar à Revolução Social. Mas, esse mecanismo é amplamente combatido pelo burguês, quando de posse das políticas de Estado, governos e sistemas econômicos. Para tal, o burguês utiliza da educação que forma as massas. A massa, quando educada para a servidão torna-se escrava. Triste é o fim de um povo que se fragiliza culturalmente, pois da fragilidade da cultura é que nasce os piores males sociais como a fome, a violência, a morte.

O pior burguês é o que trai a sua causa pétrea. O movimento é suicida! É aquele que, antes sendo operário, buscara a defesa de sua dignidade, direitos, espaços…agora, a única coisa que lhe marca interesse, é sua própria individualidade. A hierarquia lhe confere poder! Poder que não tem, nunca teve e nunca terá: o poder foi criado para ser destruído!

Cerra seus ouvidos à todo clamor, seja ele do menor, da mulher, da prostituta, do negro. Sua boca pronuncia discursos e palavras vazias, das quais o único significado é seu próprio status. Não tem outra coisa em suas mãos do que o cheiro do dinheiro, carregado de infâmia, dissabor, imoralidade e perversidade social. É o discurso cheio de palavras e vazio de significado. O único significado de sua existência é para si mesmo. O outro, deixa de existir. Sofre, lamenta, mas não quer perceber.

É a crise de alteridade. É a crise da sensibilidade, da ação e da transformação social.

É o que resta! A esperança resta! Resta o desejo de mudar, se é que o mesmo ainda também já não passou da consciência para a insanidade.

Segundo Marx, o capitalismo gera seu próprio coveiro.

Triste fim daquele que vive a aristocracia vertical, pois seu destino apenas lhe reserva a horizontalidade democrática. Essa é a mudança política, econômica, social. É a guinada, por ora, inevitável! ((•)) Ouça este post

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DESCARTES, KANT E O ABORTO DOS OUTROS

 

Aborto-Feto-ExisteSe Descartes, filósofo moderno (Século XVII) ficou conhecido por sua expressão máxima, representada no “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo), a proposição aqui é pensar de que forma esse mesmo pensar (cogito) se aplica a partir do aborto dos outros.

Antes de mais nada, a palavra aborto, tem sua origem no latim abortacus, uma derivação de aboriri (perecer) e oriri (nascer). Então, aborto é ato ou efeito de perecer a possibilidade do nascimento. Por mais que o termo etimológico não signifique tirar a vida, mas sim, negar a possibilidade de nascer, há que se dizer que, para impedir o nascimento, é necessário, em ação, tirar a vida. A decisão de interromper uma gravidez, não iniciou no tempo de Descartes, mas sim, desde a antiguidade. O aborto só era desejável em situações que uma mulher não poderia levar sua gestão à frente. Hoje, a questão complexificou-se necessitando reflexões mais profundas e a necessidade de uma orientação legal para tal.

Sabe-se, porém, que a vida não é apenas uma questão legal, e sim, ética e moral. Deve ser pensado no âmbito do valor que os indivíduos atribuem à vida. Uma sociedade que nega a vida, é sempre uma sociedade amoral. Um indivíduo que tem sua ação pautada na negação da possibilidade de viver, promovendo a morte em última instância, não pode ser considerado ético. Então, se a lei autoriza o aborto, nem sempre essa autorização se dá pelo cabide da ética ou da moral.

Há aqueles, em defesa do aborto, que dizem que a ética e a moral são construções sociais. Estão com a razão. No entanto, não podemos esquecer que a lei também é uma construção social. Diante desse conflito, uma questão está em concordância: enquanto a ética e a moral se mostram como princípios de ação consciente, a lei nem sempre é sinônimo de justiça. O que é justo para um, pode ocorrer que não o seja para outro. Já a ética e moral não se encontram nessa derivação. Ética e moral são princípios universais. Para certificar esta argumentação, basta observar a imperativo de Kant: “Age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como princípio universal”.

Se o imperativo moral de Kant nos orienta à reflexão sobre a ação individual que se estende à validade universal, o Racionalismo de Descartes nos apresenta o cogito (pensar) como princípio da ação. A existência para Descartes se dá no pensar. Assim, pensar a existência de si a partir do aborto do outro é contradição, pois a existência do outro, se dá em seu próprio pensar.

De toda forma, o aborto enquanto ação pensada ou como máxima universal não se sustenta. É necessário assegurar a vida. Todos desejamos viver!

Se há situações em que o início da vida foi produzida de forma violenta, precisamente, as leis devem coibir e porque não dizer, anular o princípio da ação violenta. Lembremos Kant, onde o princípio da ação individual é o desejo do princípio universal. Não desejo a violência, também não posso violentar. Desejo a paz, que a paz seja o princípio universal.

Não desejo morrer, também não posso matar!

Se desejo viver, devo deixar viver!

Não ao aborto! ((•)) Ouça este post

quarta-feira, 8 de julho de 2015

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SE O ESTADO BOM É O QUE MATA, O HOSPITAL BOM É O QUE DÁ “ALTA” PELA PORTA DO NECROTÉRIO!

 

A melhor forma de promover a violência, é aceitando-a. A aceitação se dá diante de duas hipóteses: é pensamento refletido, ou não. Há aqueles que, diante de um imperativo social, refletem, debatem, discutem. Há os que simplesmente aceitam. Estranhamente, na atualidade, a aceitação tem sido pautada na força da onda. A onda que leva, sem reflexão à tomada de decisão. É a sociedade do extremo. É a busca contraditória dos extremos: queremos a paz, mas nos sentimos satisfeitos com os resultados da guerra.

si vis paccenHá uma expressão latina que diz “Si vis pacem, para bellum”, que quer dizer “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”. Interpretada de diferentes formas, entende-se por ela, o ideal de uma sociedade forte, ou seja, aquela que está menos apta a ser atacada pelo inimigo. Essa frase é de Publios Flavius Vegetius Renatus, que designva-a a busca da paz através da força. É a paz armada. Essa expressão é tão forte que o parabellum se referia ao calibre de arma de fogo.

Assim o é, “Si vis pacem, para bellum” hoje é querer a paz, através da guerra armada, da violência, da condenação.

Estranhamente, vivemos em uma sociedade que pede urgentemente pela condenação. É o caminho inverso. A busca da paz, não se dá pela condenação. A condenação é a confirmação da estratificação social inerente ao processo de desigualdade social. Toda condenação, parte do princípio que exista um réu e um julgo. O julgamento é o meio termo. Na força da guerra, o réu sempre é condenado.

“Si vis pacem, para bellum” faz pensar na inclinação voraz da vida natural com um agravante: o uso de mecanismos – armas – para a condenação. A autorização da condenação se dá sob a forma de lei, mas antes dela, pela ideologia política, econômica e social dominante. Não há condenação fora do interesse de quem condena.

Percebe-se que, diante da condenação do semelhante há um determinado prazer. A violência gera prazer em uma sociedade que nega a alteridade como valor. Até os animais se compadecem diante do outro animal, mas o homem continua a demonstrar-se indiferente. É o individualismo levado ao extremo. O que resta após? Só a morte! A condenação através da pena de morte!

Esta condenação já é evidente. Basta verificarmos através das pesquisas que, os meios de repressão no Brasil são os que mais matam se comparados ao restante do mundo. Repreender não significa matar! Se o Estado bom é o que mata, o hospital bom é o que dá “alta” pela porta do necrotério.

Assim, a melhor forma de enfrentar a guerra não é participando dela. Ao contrário, é promovendo a paz. A promoção da paz não se dá pela condenação, e sim, pela educação. Educar pela e para a paz, significa estreitar os laços humanos, ampliar a necessidade do saber, amplificar o potencial de ideias de cada um, conferir espaços de construção coletiva, de emancipação, de justiça social, entre outros.

Eu quero a paz, por isso, não condeno, educo! Sou educador, não posso aceitar que a lei seja mais forte que a humanidade! ((•)) Ouça este post

terça-feira, 7 de julho de 2015

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O CHEIRO DA GENTE, SABOR DO SABER, SONHOS…O TRISTE FIM DAS ESCOLAS DO CAMPO!

 

bossoroca_carna (11)Faltam políticas...Opa! Desculpe-me o erro! Faltam POLÍTICOS preocupados com a Educação da população do campo. Só no Brasil, mais de 37 mil escolas do campo foram fechadas nos últimos 15 anos. Em torno de oito escolas por dia. Só em 2014, mais de 4.084 escolas do campo encerraram suas atividades. Esse é o desejo de uma política neoliberal para o campo. Política esta que quer um campo sem gente, sem famílias, sem escolas…o campo latifundiário…o campo de poucos para poucos!

Sou fruto da escola do campo. Estudei em uma escola do campo. Hoje não existe mais. A professora ainda reside na comunidade da escola. Mas a escola está em ruínas, assim como está em precárias condições os investimentos na educação do campo.

A escola que estudei era de qualidade. Me ensinou a ser gente! Tem escola que mede sua qualidade pela aprovação em vestibular, entre outros. A minha escola formava gente! A professora gostava de cheiro de gente! Era para gente como eu que a escola existia: gente que tem sonhos! Era uma escola de gente que tem sonhos!

Não havia luz elétrica instalada na escola, mas a escola era da luz, da luz do saber. O saber aprendido na escola ilumina nossa vida. Iluminava a vida de gente que tinha sonhos iluminados.

Não havia água encanada na escola. Mas éramos banhados de liberdade! Cada respingo de saber, era a garantia que seríamos cada vez mais livres. Liberdade de gente que tinha sonhos iluminados pela vontade de ser livre.

Entre muitas saudades, saudade da merenda! Que sabor maravilhoso! A merendeira, era a própria professora, que afinal, era diretora, coordenadora, merendeira, faxineira e, professora. O sabor do prato era o sabor do saber da palavra! Sabor de gente livre, de sonhos iluminados!

Lembro até hoje do cheiro que tinha na escola quando chegávamos! Era o cheiro de mato, de grama, das plantas…logo, sentia-se o cheiro de gente! É, essa escola tinha cheiro de gente, sabor do saber, sonhos iluminados!

Hoje, ela existe em ruínas! Não tem mais cheiro de gente, sabor de saber, nem sonhos iluminados!

Ela é, entre tantas escolas do campo, mais uma que fez história, ficou no passado, na saudade de minha lembrança…ela ficou…eu fui, continuo…

Lá está ela…entre muitas por esse Brasil afora! Do mesmo jeito…esquecida!

Mais alguns dados sobre a escola do campo…Aqui! ((•)) Ouça este post

segunda-feira, 6 de julho de 2015

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DA MARGINALIDADE QUE TEMOS À MAIORIDADE QUE QUEREMOS!

 

MAIORIDADE1Toda marginalidade têm sua origem. Ninguém nasce marginal. Nascemos em prospecção ao mundo ao qual nos receberá. Esse mundo, é um complexo de causas sociais, econômicas, políticas, educacionais, de gênero, sexualidade, etc. A realidade social, em boa parte desse micro-mundo chamado brasil, é dura! É, muitas vezes, às duras penas da sobrevivência que se constrói a identidade do nosso jovem. Alguns, fora dos critérios meritocráticos conseguem emergir do atoleiro da desigualdade social, econômica e política. Outros, conseguem, depois de muito sofrerem dar asas à liberdade do preconceito, da discriminação sexual, do olhar de menor que o sufoca.

Mas, se há esses que em determinado momento da vida conseguem um “up” de sua condição social, há aqueles que não. Esses se entregam ao mundo da marginalidade. Pobre crianças inocentes! Invadidas pelo ódio daquele que explora, oprime, o sanguinário que destitui o pobre de toda condição de dignidade e liberdade. Ali, no lugar do sonho, planta a semente da marginalidade. O terreno da desigualdade é fértil para o desenvolvimento da violência!

Vamos pensar alguns dados…

Consideremos o jovem de 15 à 17 anos para nossa análise. Segundo pesquisa do IPEA, inclusive com publicação disponível nesse Publicações do IPEA, a maior causa de morte entre esses são os homicídios e os acidentes de transito. Os homicídios representam 37,8% das mortes, onde a maioria é do sexo masculino (93%). O trânsito, representa 17,3% das mortes.

Sobre a educação, apenas 48% dos jovens nessa faixa etária (15-17 anos) frequenta o Ensino Médio. 82% desses jovens se encontram na escola, mas em série fora de sua idade. Desses, apenas 13% chegam a ingressar o Ensino Superior. Questionados sobre o deficitário acesso ao Ensino superior, nota-se, evidentemente, que a renda é o fator predominante do não acesso destes.

Segundo a pesquisa, o analfabetismo vem carregado de preconceito, uma vez que sinaliza que o mesmo se dá três vezes maior entre os negros, se comparado aos brancos. O acesso à educação é três vezes maior entre os brancos do que entre os negros.

Em relação à violência, as maiores vítimas são os negros e pardos. À cada 100 mil habitantes, 148 vítimas da violência são negros; já os brancos é de 69 pessoas.

Para piorar a situação educacional, essas diferenças vão além da cor, são geográficas. Na zona rural, a escolaridade é 50% inferior à da zona urbana.

Assim, pensa-se na marginalidade que temos, para a maioridade que queremos! Fica evidente que o Brasil ainda é um país que precisa diminuir suas desigualdades sociais para garantir a sua maioridade. Ela não é cronológica, é cultural! Enquanto esse não for o foco das políticas, jamais iremos diminuir a violência. A mesma está em auto-tutela, assegurada pelo Estado, o mesmo que garante e autoriza a desigualdade entre as pessoas.

Podemos dizer então, que a desigualdade é a mãe da violência, e que dela surgem outros parentes, como a prostituição, a exploração do trabalho infantil, o preconceito de cor, entre outros. A lista é grande! Maior do que a idade penal sugerida para a maioridade!

Sugiro pensarmos NO radical da questão, e não DE FORMA radical! ((•)) Ouça este post

domingo, 5 de julho de 2015

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A VASILHA, O MEL E O APODRECIMENTO DA CABEÇA!

 

pessoa_vasilhaHá uma expressão em latim que diz: “Sincerum est nisi vas, quodcum que infundis acesti”, que significa “Se a vasilha não estiver limpa, tudo o que se puser dentro azedará”. Assim, é o corrupto e a corrupção. Tomando essa analogia por princípio, observa-se que há ausência de sinceridade (do latim sine cera, se referindo ao consumo do mel puro, mel sem cera) na política. A política está contaminada!

Estranhamente, a vasilha não está limpa, e o mel, é consumido com cera. Há uma adulteração do sentido da política, portanto, do político. Se a vasilha, aqui representada pelas casas de poder político, não estão limpas, qualquer um que lá entrar irá se sujar. O essencial da política, bem como o essencial no mel, parece estar com nódoa, manchado de corrupção.

Mesclam hábitos de oportunismo e tibieza. Conspiram hábitos e hálitos intencionais de conspiração de acordo com as convicções dos grupos aos quais pertencem e que lhes interessam. Os interesses do povo estão largados aos cântaros, assim como, afastada desses espaços está a reflexão crítica e séria. Do corrupto, só pode se esperar a corrupção!

Diante disso, lembro dolorosamente o escárnio humano da alienação, através de uma frase do Padre Ântonio Vieira em seus sermões: “O peixe apodrece pela cabeça!”. É ali, que está localizada a semente da esperança, da mudança, da consciência, da crítica, que agora, em tons menores, está sendo velada em seu funeral. A cabeça é lugar do funeral, onde o único caminho que resta, é sepultar as ideias de renovação.

Distraídos, os homens de bem contaminam-se com o apodrecimento de suas cabeças, saboreando o mel integralizado de cera, que ora petrificado em seus pulmões lhe leva à perda de vitalidade política.

O apodrecimento da cabeça inicia com pequenas e singelas ausências, como o sinal de desistência ou negligência que, evidentemente, deturba a consciência, enfraquecendo a energia de nossa tarefa.

Assim, percebemos que a dificuldade está em poder limpar o vasilhame, purificar o mel e não apodrecer a cabeça. Não temos mais tempo a perder com desvios inúteis de nossa vontade. Mudar é o foco! Não podemos perder o foco!

É inadiável desmascarar as dissimulações hipócritas que nos acorrentam politicamente, para não “apodrecer a cabeça”. Mais do que isso, somente será possível provar o mel sem afogar-se com a cera, no momento em que a vasilha não estiver contaminada. ((•)) Ouça este post

sexta-feira, 3 de julho de 2015

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DO COLO PARA O CÁRCERE!

 

carcereQuem não tem saudade do aconchego do colo dos pais? Quem não lembra das palavras duras ou dóceis que ali ouvia? Ali era o lugar da educação por excelência. Antes mesmo de coisificarmos nos bancos frios das escolas, o colo era o lugar que nos aquecia. Aquecia com abraço, com o aconchego, com a palavra…próximo ao fogão ou à lareira, lá estava o pai ou a mãe, com o filho no colo. O colo é aconchego! Dar colo é acolher, é acolhimento – não despedida! Ganhar colo é ter uma nova chance de acertar…é pensar sobre o erro, é refletir! No colo se faz filosofia, psicologia, educação. No colo se faz família, respeito, dignidade, amor. No colo se faz relação, proximidade, intersubjetividade.

Quando chamado ao colo, a novidade está. “O que será?” – questiona-se a criança, o jovem, o adulto. O colo, também é lugar do conflito, da decisão. O colo prende, reprende, orienta.

Pois bem! Estão tentando tirar a criança do colo e coloca-la no cárcere.

Colocamos a criança no cárcere da economia - Sociedade bestial a nossa quando coloca a criança no cárcere das concepções alienadas de mercado; quando vende a imagem da criança como um produto, quando vê na criança um nicho de mercado.

Colocamos a criança no cárcere da educação – diga-se, em bom tom: no cárcere da educação! Uma educação escolar voltada para a autoridade da norma, da disciplina e em raros casos, na autoridade do saber, da emancipação, da dignidade, da proatividade.

Colocamos a criança no cárcere de não ter uma família – adultos irresponsáveis jogaram seus filhos no mundo, e o mundo não os acolheu. A vida é dura! Brutal! O mundo é como o mar, àquilo que está na superfície é levado à margem, ao abandono, ao cruel, ao banal.

Banalizamos a criança em sua sexualidade – Do desenvolvimento infantil ao erotismo adulterado. Sexo virou conversa de berçário!

Banalizamos a conduta – É proibido dizer “não!” – enquanto o não, não é dito, a permissividade de uma conduta sem princípios e sem valores, constrói o sonho daqueles que não ousam em sonhar.

Tiramos do colo, e jogamos no cárcere – No cárcere da vida! No lixo humano da perda! Na normalidade de “mais um” no mapa da violência.

Ofuscamos o exemplo, dirimindo a responsabilidade de dar o exemplo. A família empurra para a escola, a escola empurra…empurra…para onde? Não se sabe...a sociedade não acolhe, julga, mata!

Tiramos da vida, e jogamos na morte!

Quero voltar ao colo! Ao colo da paz, da educação, do respeito, da dignidade, da liberdade – ao colo da vida!

Não posso aconchegar ao colo usando a culpa como argumento! Ele e ela não são culpados! Culpados são todos que contribuíram para com a culpabilização!

Tendemos a achar um culpado! Queremos enxergar a condenação, a tortura e a morte. Não há educação na penalização! Na penalização há a pena! Está pronta…

O cárcere é gélido, horrendo, suspeito…é o lugar da pena. O colo é quente, carinhoso, afetivo, amigo…é o lugar da educação. ((•)) Ouça este post

quinta-feira, 2 de julho de 2015

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O PASSADO É SÓ UMA HISTÓRIA QUE FICAMOS NOS CONTANDO!

 

dificuldade6Estávamos centrados. Hoje, estamos descentrados. O projeto imperial da modernidade caracterizada pelo racionalismo, apoiado pelo cientificismo e pela expansão tecnológica, nos legou um desafio: compreender o passado fora da localização histórica subjacente ao tempo.

Não há como negar: o passado é só uma história que ficamos nos contando! O homem moderno, preso em suas concepções de verdade, com o olhar fixo em métodos, aproximou de si a afirmação do império da subjetividade. Estávamos fixos, centrados em um proposta de verdade absoluta, fácil, sem ousadia. É a proposta da racionalidade matemática. Ela contribui, colaborou e sem sombra de dúvidas, possibilitou o áspero grito do progresso, mesmo que este foi verticalmente implantada à qualquer custo.

Estamos convencidos de que dessa proposta nos resta uma única certeza: ela descentralizou-se. O movimento pós-moderno coloca o passado na perspectiva da história de si-per-si. Sem mais. Um passado que está sendo contado para aliviar a tensão do presente de ontem, de si mesmo, de um tempo que não foi porque ficou, mas que não está porque já foi.

Esta é a história que ficamos nos contando. Uma história que só interessa para quem conta. O ator é seu próprio público. Sua boca, fala aos seus ouvidos. Unicamente à eles. Os medos, fantasias, alegrias, sufocos, desafios, só interessam à quem vive no passado contado à si mesmo, ou seja, uma história que só interessa à quem conta.

O pós-moderno assume uma ruptura com o passado. Nessa ruptura se desmancha tudo aquilo que era sólido. A modernidade não é sólida, é fria, calculista, mecânica, fragmentada e, tão necessária ao pensamento progressista. Há que se reconhecer os méritos de um passado que só é história para quem fica contando à si mesmo.

O pós-moderno trouxe consigo a ideia do “carpe diem”, ou seja, “viva o presente”, ou ainda, “o presente te é vivo!”. O passado deu lugar ao presente, o futuro…onde? Quando? Pra quê?

Se o futuro era o lugar do projeto, agora o importante é o presente. Um lugar sem projeto, sem futuro e o pior, sem passado. A máxima de nosso tempo é “Tudo que é de um lugar, fica naquele lugar”. É a negação da rede. É a impossibilidade de globalizar o que se vive, sente, o que se conta. Assim, o passado é só uma história que ficamos nos contando.

Não se pode regressar ao passado. A modernidade é líquida, se foi, evaporou. A modernidade fracassou. Sua proposta deixou marcas, estilhaços de dor, pavor, destruição. A modernidade, deixou onde passou uma história que não pode ser contada. Deixou a não-lembrança. Deixou o esquecimento!

Assim, o passado se configura em um tempo que é contado para si, por si e com si. O passado é só uma história que ficamos nos contando! ((•)) Ouça este post