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terça-feira, 30 de junho de 2015

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DO QUE É FORMADA A AMIZADE?

 

amigoPara muitos, a amizade é uma relação de doçura. Chegam até a afirmar que a amizade é tão necessária quanto o ar, o fogo, a terra e a água. Viver sem amizade seria como viver sem a luz do sol. A amizade é considerada tão importante que a palavra Filosofia tem em sua raiz etimológica “Filos” a compreensão da amizade ou amor. Filósofo é o amigo ou amante da sabedoria. Amizade é, nesse e em outros casos, um caso de amor.

Quando se fala em defeitos dos amigos, é comum ouvir termos como conivência, menosprezo, cegueira, ilusão, etc. Os piores defeitos, muitas vezes, em uma relação de complacência, são vistos como as melhores qualidades. É visto que há uma loucura que forma a amizade. Entre os sábios, a única amizade que pode surgir é aquela rude e sem graça. Enquanto, entre os loucos…

A amizade não escolhe idade, educação, severidade, liberdade. Até mesmo entre os homens como maior grau de defeito, àqueles que compartilham uma convivência indulgente, entre eles também há amizade.

Na mitologia conhecemos o cupido, aquele ser que amarra e solta todos os laços, que aproxima os amantes, ele não é, por acaso, totalmente cego? O que faz com que o velho se agarre à sua velha e a criança à sua boneca? As coisas mais ridículas da vida se acham por toda parte e carregada de graça, ou seja, de loucura. De outro lado, é essa loucura que torna a vida mais agradável e que estabelece os principais laços de amizade entre as pessoas.

E a beleza, está presente na amizade? Diante do valor da amizade, a beleza se esvai. O princípio da amizade é a decência e, esta com o passar do tempo se transforma na maior beleza.

Finalmente, se ser feliz consiste em ser essencialmente em querer ser o que se é, a amizade facilita a felicidade. Ninguém poderá ficar desgostoso quando sua amizade consiste em amor próprio, aparência, talento, família, posição na sociedade, educação, etc. Ser feliz consiste em ser amigo. ((•)) Ouça este post

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ESCREVA! POIS, O SILÊNCIO QUANDO ESCRITO, DENUNCIA!

 

clarice_perderEscrever é dar identidade. É criar. Escrever é ir além da simples aparência, é pensar. Escrever é colocar em tela tudo que ainda está em ideias. As ideias, quando escritas, conjugam vontades, desejos, anseios. Quando não se escrevem ideias, elas são ideias mortas, sem qualquer tipo de movimento, sem agitação, sem importância ou necessidade.

Vivemos um tempo em que muito se copia, e pouco se cria. Dizem por ai, que não há mais o que criar. Dizem que tudo já foi criado, que chegamos ao fim, que resta apenas reproduzir com outras palavras. O valor das palavras não está nos sofismas, no dizer a mesma coisa com outras palavras, mas está no novo, no ainda não dito. É necessário dizer.

Escrever é dizer o que precisa ser dito. O silêncio pode ser inscrito com letras pesadas, negritos, itálicos e sublinhados. O silêncio quando escrito, denuncia. Denuncia a verdade oculta, o ator escondido, a ideia que grita em meio ao sono dogmático do não-saber. Escrever o silêncio, é arte, é poesia. Escrever o silencia é constituir o livro do tempo. O tempo, quando escrito, extrapola o limite cronológico de sua existência. Elimina a barreira da pressa, do gráfico, da materialidade, da moral. A linha do tempo, é o atemporal livre de qualquer linha, sem limites.

Denuncia em tua escrita o que não consegues conjugar em tuas ideias. Denuncia em tua escrita, no sabor da letra, do fel ao mel das palavras! Denuncia, pois denunciando está ensinando os analfabetos espoliados pela ausência da tua denúncia, a escrever. Escreve com eles, a história. Escreve a tua história através da denúncia, da crítica, do pensamento.

Escrever é questionar a autoridade do poder, e o poder quando não se faz saber. Escreve para mostrar que sabe e, sabendo, mostra que escreve. Ninguém se constitui escritor se não fazer a autoridade do saber. Faz, e não deixa fazer; faz por si, pela escrita a tua autoridade.

Se questionado (a) pela escrita, desfaz, usa da borracha, mas não apaga, apenas sublinha lentamente, esconde a palavra no borrão, mas não a deixe deixar de existir. Ela já está escrita.

Não reescreva a tua obra. Ela é única. Escreve para ser único. Escreve para destituir a cópia, a mesma coisa, a semelhança. Busca a diferença na escrita de uma maneira inédita. Se não gostar, não importa! Escreve para pensar e não pense para gostar.

Não delimita tua ideia. Amplia. Estabelece laços, vínculos…Abraça o complexo mundo das palavras, e nelas a complexidade dos significados sociais.

Abraça em tua mão o lápis, a caneta, e deixa fluir lentamente, silenciosamente, carinhosamente a denúncia de tua escrita.

Lá se vão os dedos, dançando sobre o teclado, em um ritmo compassado pelo significado de escrever. Os dedos se cruzam, não é sorte! É denúncia!

Escreva…escreva…pois, o silêncio quando escrito, denuncia! ((•)) Ouça este post

segunda-feira, 29 de junho de 2015

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DESCENTRANDO O SUJEITO MODERNO

 

livro_identidade- Quem é o sujeito? Pergunta a professora.

- Sujeito é quem pratica uma ação! Responde o aluno.

- Quem é o indivíduo? Pergunta professora.

- Sou eu, é você! Responde o aluno.

O homem moderno tem identidade fixa. É conhecido por seu arsenal racional de argumentos matemáticos. Está centrado. Ele é o centro. O racionalismo moderno, com as contribuições do cientificismo e do desenvolvimento tecnológico, colocaram o homem do Séc. XVII no centro.

A reflexão produzida em torno do centro, nos leva a compreender que existe o elemento periférico. Periférico não é central. O periférico está descentrado, deslocado. Periférica é a natureza…junto com ela, todas as coisas que se encontram fora da dimensão racional do pensamento moderno. O outro, é só adjetivo, não é sujeito! O outro é periférico, o eu é o centro. A subjetividade é grau máximo da prospecção humana sobre o universo. O universo tem suas leis, conhecendo-as, controlo-as.

“Saber é poder!” – já dizia Francis Bacon – pensador empirista moderno. Quem tem conhecimento, conhece; conhecendo, domina. O centro domina o periférico. Mesmo dominado, o periférico continua periférico. Não há ganho. Há impossibilidade de desenvolvimento. O desenvolvimento está em sua escravidão, servidão e alienação. Desenvolve-se o centro, o resto, é periférico. Desenvolve-se o homem moderno à qualquer custo, mesmo que o custo seja o mais doloroso dissabor humano: a morte.

O eu, subjetivo e matematizado não apenas domina a arte da narrativa histórica, mas a vida natural como um todo.

Pensar o centro, implica em não resignar-se diante do periférico. A condição é contraditória. Enquanto assume identidade centrada, o homem moderno busca desempenhar vários papéis sociais e diversas atividades, mas sem entregar-se plenamente à uma delas.

Segue-se, porém, algumas características da modernidade, assegurando a centralidade do homem:

ANTROPOCENTRISMO: O homem é o senhor. Deus não é necessário!

QUAL É O CONHECIMENTO VÁLIDO? Conhecimento Científico.

QUAL É O SENTIDO DO HOMEM, DAS COISAS E DO MUNDO? Servir ao homem e auxiliar no processo de domínio sobre o mundo.

QUAIS AS FERRAMENTAS? O uso da técnica e da tecnologia.

O QUE É BOM? É bom aquilo que satisfaz, que vem ao encontro dos desejos do homem.

QUEM DETERMINA O QUE É BOM? O Homem.

O QUE IMPORTA? o momento e a vontade de cada um.

Diante da estrutura moderna, surge a necessidade do descentramento do homem como centro.

Cinco são os conceitos pelos quais houve o deslocamento do sujeito moderno:

1) Tradição do Pensamento Marxista: Os homens fazem história pelas condições materiais e de análise dialética que lhe são dadas.

2) Descoberta do Inconsciente por Freud: Os processos de formação identitária não são isolados, são formados coletivamente e historicamente construídos.

3) Linguística Estrutural de Ferdinand de Saussure: Não somos autores das afirmações que fazemos. A língua é um sistema social e não individual.

4) Poder Disciplinar de Michael Foucault: a função do poder disciplinar é a regulação e vigilância das massas, indivíduo e do corpo.

5) Impacto do Feminismo: Movimento que apela pela identidade social, permitindo a pluralidade de identidades.

E agora, descentrados, ousamos ser cidadãos onde o cidadão do mundo globalizado é o solitário conectado. Destarte, ousamos centrar nossa condição humana na possibilidade do humano, sem qualquer incursão no declínio ao centramento do sujeito moderno.

Descentrando o sujeito!
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quinta-feira, 25 de junho de 2015

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MULHER SAPIENS: DA IMPRENSA PATÉTICA À MÁ COMPREENSÃO DE ANALOGIAS!

 

SAPIENSEm momentos de crise, qualquer suspiro é convite para missa de sétimo dia. Qualquer iniciativa é entendida como desespero. Qualquer palavra mal compreendida, arranha!

As palavras, quando da má compreensão do outro, retornam como cães ferozes em direção à caça. Palavras são ameaçadoras. Palavras sequestram sentidos. Palavras dão sentido, implicam situações, diminuem tensões, dilaceram o silêncio do nada dito. O silêncio…muitas vezes mais necessário do que muitas palavras.

Nosso vocabulário tem palavras de duplo sentido, e isso todo mundo sabe! O que todo mundo não quer, é compreender de que determinadas expressões são carregadas de contexto e de história que lhe conferem sentido.

Em uma sociedade que relativiza o valor da palavra à compreensão patética da mídia, enforca-se o sentido do contexto, priorizando apenas a raiz etimológica gráfica da palavra.

Falar em homo sapiens no contexto da palavra, é ignorar que há por trás de tamanha significância uma relação desgastada de homo fabers. E o pior é pensar que a relação é de um homo sapiens dominante x mulher fabers. O pensamento ocidental, desde sua abordagem filosófica, científica, econômica, artística e cultural, reservou o sapiens ao gênero masculino e o fabers ao feminino. A construção social não nega!

Então…por que o espanto?

Mídia patética! Reduz à compreensão do intelecto poetikós ao patetikós.  Pouco criativa, absurda, usurpadora do sentido feminino do sapiens, da mulher sapiens. Basta observar minunciosamente e politicamente os espaços reservados na programação das emissoras de tv, para observarmos o quão sapiens ou fabers é o papel feminino.

Estranho é ver a sociedade da onda que estamos inseridos. Os antigos diziam que “caiu na rede é peixe”; já os de agora, “caiu no face é verdade!”. O pior de tudo isso não é acreditar no fato, mas na consonância da mentira com a péssima interpretação dada à ela.

Afirmo sim mulher sapiens, no sentido do contexto. É hora de resgatar o sapiens feminino, o protagonismo da mulher através do movimento dialético que coloca em crise o positivismo interpretativo ofuscado pelo interesse dominante.

A compreensão da analogia é outro aspecto que aqui merece destaque. Ao passo que avançamos em direção à uma sociedade cada dia mais complexa, mais difícil se torna a compreensão do complexo. Se, de acordo com a analogia o sentido está no sentido da interpretação, a compreensão fragmentada pode levar ao entendimento equivocado.

Para compreender o sentido da analogia, precisa-se compreender o contexto em que a mesma se insere. O fragmento não tem contexto, é solto. Por onde passa, gera novas incompreensões.

Incompreensões geram audiência, mas também discriminação, preconceito e machismo.

O novo social é a possibilidade de olhar para o velho re-criando-o. É necessário filtrar. É necessário emancipar o humano, seja do homem ou da mulher. É necessário recriar o sapiens numa dimensão mais humana e menos hominizada. ((•)) Ouça este post

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A UNIVERSIDADE E O CEMITÉRIO DO EGO ACADÊMICO

 

egoismoA Universidade se caracteriza pela universalidade do saber. Ela é lugar, por excelência, dos mais diversos saberes, conflitos e construções intelectuais, empíricas e culturais. É lugar do saber universal, isto quer dizer, não se pode pensar universidade insistindo na fragmentação do praxiológico: teoria e prática. Universidade não é lugar para dualidade, mas sim, para complexidade. Universidade é lugar de pensar o todo nas partes, e não, pensar o todo a partir das partes. Universidade é UniDiversidade.

A universidade, em sua complexidade, se caracteriza pela indissociabilidade do Ensino, Pesquisa e Extensão. Não é apenas um fazer indissociável, mas o pensar da universalidade do saber acadêmico se dá nessa dimensão. O corpus universitário não tem só “braços” (me refiro ao empirismo - homo fabers) ou “cabeça” (me refiro ao Racionalismo – homo sapiens), mas tem “coração”, tem situação: Como a Universidade situa sua ação (situação) em relação ao Ensino, Pesquisa e Extensão?

A Universidade centrada apenas em suas práticas cotidianas, enclausuradas em seus departamentos, conduz o coveiro ao seu trabalho: o sepultamento do ego acadêmico.

O Cemitério, do latim coemeterium, lugar onde se faz deitar, jazer, em sua origem, é o lugar longe das igrejas, fora dos limites geográficos das cidades. Alguns cemitérios ainda, a exemplo do louvável ego acadêmico, recebem seus atos fúnebres em jazigos ornamentados por mármore. Mas lá está o defunto. Descanse em paz! Trabalhar na perspectiva do coveiro, é sinalizar a fragmentação e a dissociabilidade da relação universidade e comunidade.

A universidade, ao contrário da exaltação do ego universitário, supostamente em processo de decomposição, é lugar fértil. A universidade é o terreno do conflito epistemológico. É o lugar, por excelência, da discussão, do debate, do questionamento da hierarquia da autoridade, que cede lugar à autoridade do saber. Universidade é lugar da abertura, da sensibilidade e da corroboração da ciência.

Universidade é lugar do acolhimento. Ensino, pesquisa e extensão é lugar de acolher. Acolher as diferenças sociais como pobreza, desigualdade social, financeira, cultural, humana, de direitos humanos…É lugar do constante refazer-se!

Refazer-se, implica na universidade, a reflexão! Sem reflexão, que leva fundamentalmente à crise, não há possibilidade de mudança. Sem mudança, não há como refazer-se. Portanto, a universidade é uma constante construção provisória de saberes em crise, em debate.

Por fim, a mudança na universidade não é uma questão arquitetônica, mas sim, humana. Ao ponto que se tem como filosofia na universidade a transformação de pessoas, e elas transformam o mundo, a universidade também se transforma. Transforma-se em local do provisório, da troca, da universalidade do saber.

É o ciclo. Não se pode negar! É a indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão. É a discussão, o debate, a crítica, a desconstrução…é a Universidade que deixa de ser o cemitério do ego acadêmico. ((•)) Ouça este post

quarta-feira, 24 de junho de 2015

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O INCRÍVEL MUNDO DOS SMARTPHONES

 

Ele está na mão. Se transformou uma extensão de nosso corpo, de nossa existência. Está por toda parte. Está entre as crianças, adolescentes, jovens, adultos…Olha lá! Um idoso com um smartphone! Está com todos, e em todos. Nos conecta com o mundo, com as cores. Nos faz rir sozinhos. Nos informa sobre a previsão do tempo, notícias policiais, cotação do dólar…Da mais simples busca à mais complexa tarefa, utilizamos um smartphone.

smartphoneExistem de todas as formas, tamanhos, cores, sistemas operacionais, múltiplos ou singles chips. Estão na vitrine. Se tornaram objeto de desejo, de fetiche. Ele está presente em todos os momentos da vida: no banheiro, na sala, no quarto, no escritório. Até na guaiaca do gaúcho montado a cavalo existe um smartphone.

Em todos os momentos, nos auxiliam: desde o momento inicial de nosso dia, ele desperta, seja com música ou com aquele toque irritante! Momentos felizes, lá está ele fotografando, gravando vídeo. Momentos de solidão – está nos fazendo companhia, ou servindo de meio para comunicar companhia. Momentos de descontração – a boa música, o rádio, a tv! Ele é entretenimento, comunicação, conhecimento!

Ele é tudo de bom, quando bem usado! Quem sabe, o que menos se faz com um smartphone é a “ligação”, tarefa cotidiana do telefone. Ele é mais que um telefone, ele é uma central multimídia! Nos conecta com a rede, e a rede com o mundo! Ter um smartphone é sinônimo de estar informado.

Não há como negar que eles ocuparam lugar em nossa vida. Há que negar sim, que eles ocuparam a nossa vida! Com ele ou sem ele, continuamos livres! A posse ou uso de um smartphone não garante ou tira a liberdade. Quem perde a liberdade é o homem quando no mau uso desse objeto de comunicação. O isolamento social não é causado pelo smartphone, mas sim, pelo homem que, ludibriado pelo fetiche do fábrico moderno, se entrega ao pensamento mecânico funcional da parafernalha tecnológica.

Existem escolas que proíbem o seu uso, mas insistem em serem defensoras da democratização da informação. Tem algo errado ai! Não posso democratizar a informação sem garantia do acesso à ela. Quem sabe, a sugestão possa ser inseri-lo como proposta pedagógica e não como objeto de indisciplina.

Conectar o homem ao mundo da informação. Informação em um mundo da diversidade, da multiplicidade, do multiculturalismo. Conectar o homem ao homem! Este é o incrível mundo dos smartphones! ((•)) Ouça este post

terça-feira, 23 de junho de 2015

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O MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO – A TRANSFORMAÇÃO NA EVOLUÇÃO HISTÓRICA É INEVITÁVEL!

 

“Os filósofos não fizeram mais que interpretar o mundo de forma diferente; trata-se, porém, de modifica-lo!” – Karl Marx.

etiquetaQuando da análise da sociologia de Karl Marx, percebe-se que a teoria do Materialismo Histórico busca dar suporte à ideia de modificar ou transformar o mundo. Essa tese vai contra o idealismo de Hegel.

Para compreender o materialismo é preciso ver que a realidade não pode ser compreendida a partir de expressões ou manifestações metafísicas, como, por exemplo, expressões de um ser infinito de realidade espiritual e, de espírito absoluto, como afirmava Hegel. Para Marx, as ideias, concepções e a consciência do homem tem origem na realidade material.

Para Hegel, a relação entre a ideia (consciência) e a realidade é que determinavam o ser. Já, ao contrário, em Marx, o ser social é que determina sua consciência.

Para Marx, é na relação do homem com o mundo em todas suas esferas – atividades materiais, relações de trabalho, relações com outros homens, meios de manifestações de comunicação e pela forma concreta que o homem produz bens e os distribui, é que se forma a consciência.

Não basta compreender o materialismo, é necessário entende-lo como dialético. Para Marx, a realidade concreta está em constante mutação e, esta evolui por meio das contradições. Acredita Marx que, são as contradições do capitalismo que o levariam às transformações de um novo sistema. Entende-se assim por dialética a lei do desenvolvimento da realidade histórica.

O Materialismo histórico assume que a sociedade e os acontecimentos históricos devem ser explicados a partir das condições materiais de produção e distribuição das riquezas produzidas pela própria sociedade. Na busca pela compreensão da sociedade, é necessário investigar os acontecimentos históricos de terminados tempos. Não obstante, também a análise deve ser percebida nas formas de produção, técnicas de trabalho e nas relações que se estabelecem entre os homens.

Já o Materialismo Dialético, desenvolvido por Marx e Engels, assume que o movimento de afirmação, negação e síntese, estão presentes em toda realidade material, ou seja, na natureza, na sociedade humana, onde estabelecem os elementos históricos da mudança.

Diante do movimento do Materialismo Histórico-dialético, fica evidente o movimento da luta de classes em Marx. Para ele, a principal característica da evolução da sociedade é a luta de classes sociais. No cenário moderno, esta luta é estabelecida entre a burguesia e o operário.

Para a continuidade desta reflexão, sugiro a leitura do poema de Carlos Drummond de Andrade -> Eu, etiqueta – clique aqui. ((•)) Ouça este post

segunda-feira, 22 de junho de 2015

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TRAPAÇA POLÍTICA: DO GABINETE À DEFESA DO POPULISMO!

 

políticaVivemos um período de crise política que afeta diretamente a economia, educação, saúde, trabalho, direitos e deveres, etc. As decisões políticas quando não acertadas acarretam prejuízos sociais a ponto de os governos sacrificarem o povo para sanar reformas estatais através de ajustes fiscais. Não obstante da crise, do sufoco, do estrangulamento do ajuste fiscal, está o discurso político que transita do gabinete à defesa do populismo.

Alguns políticos populistas costumam usar em seus discursos argumentos comoventes, emotivos e demagógicos a ideia de que a política é a arte de servir ao povo. Esta premissa comove as pessoas, transmitindo ao eleitor uma imagem de candidato humilde, serviçal…alguém que está realmente interessado em servir ao povo. Não obstante, não denota interesses particulares.

Já o político de gabinete não gosta do cheiro das pessoas. Precisar ir, sempre estará representado pelo brilhante assessor que, em seus discursos, ilustra a “ausência de tempo, uma vez que o nobre edil está envolvido em desenvolvimento de projetos”. Porém, quando questionado sobre o que compreende por política, o político de gabinete afirma ser “a arte do possível”. Este argumento serve para conformar o eleitor com o necessário.

Em ambos os casos, seja do político populista ou o político de gabinete, pode-se elaborar algumas questões:

a) Discurso populista: se a política é a arte de servir o povo, que segmentos sociais compõem o povo? Todos os segmentos necessitam das mesmas coisas? Atender as necessidades de alguns, não implica em buscar compatibilidade com os interesses de todos? Os interesses se complementam ou são contraditórios?

b) Discurso de gabinete: a política, sendo a arte do possível, é possível para quem? Sendo possível para alguém, é impossível para quem?

Assim, ninguém escapa da política! Todos estamos emergidos no discurso político, seja ele populista ou de gabinete. Por isso, precisamos questionar e verificar se, na transição do discurso populista para o de gabinete, não acabamos por hora, financiando a trapaça.

É preciso questionar! É preciso argumentar. A ação política de todos nós amplia os espaços democráticos, diminuindo o lugar da trapaça, do suborno, do desvio do dinheiro público, entre outros. Acontece que a grande maioria da população brasileira se exime do ato político. Vê como processo democrático o sufrágio, e dele participa. É necessário ir além do simples direito do voto! É necessário participar!

Do gabinete ao espírito populista é o lugar da trapaça. Seja, em ambiente privado de interesses privados, convivências privadas…seja, em frente ao povo, instrumentalizando-se com ferramentas que ludibriam a capacidade crítica do povo, que os político heterogenizam o discurso. A ordem discursiva obedece ao pressuposto da trapaça, do interesse, do subjugado.

O ajustamento democrático precisa resgatar a ética, os procedimentos legítimos de justiça e, acima de tudo, a opção política pelo povo. ((•)) Ouça este post

domingo, 21 de junho de 2015

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ANALFABETO É QUEM LÊ SOMENTE O NECESSÁRIO!

 

onibus-leitura-pO pior analfabeto é o analfabeto político (Bertold Brecht). De fato, o é! O analfabetismo político é produzido pelo analfabetismo cultural. Nossa cultura, em especial, a atual, é caracterizada por um movimento de necessidade. Pensar e agir somente na e pela necessidade é produzir o necessário.

Pensando na busca de uma melhoria no sentido da ampliação dos espaços culturais da diversidade, é interessante refletir sobre a leitura nossa de cada dia. Ler o necessário é sinônimo de analfabetismo. O necessário é imediato. A alfabetização é processo. Reduzir o processo ao imediato é reduzir a possibilidade ao fatalismo.

A leitura do necessário é uma abordagem do ponto, o ponto da leitura. Ler isoladamente, é discriminação. Ler isoladamente é olhar para o próprio umbigo e nele, glorificar a complexidade da vida. Ler o necessário é instrumentalizar o óbvio. Ler o necessário é fazer mais do mesmo. O mesmo é de sempre, para sempre, todo sempre.

A leitura do necessário é visível no fenômeno facebook. É viral. Quando alguém lê o ponto, o post do ponto, a discussão do ponto, o ponto…quiçá, em muitos casos, o ponto final. Ali termina, não brota, não amplia, empobrece. Movimento interessante essa abordagem que se demonstra contraditória quando do espírito de rede: ao invés de ampliar, pontua, fragmenta, torna necessário, desenvolve o analfabetismo do necessário.

Se assim o é, é possível não o ser? O ponto nunca vai deixar de ser um ponto. Mas o necessário pode ser ampliado para o ousado! Ousar é linkar uma ideia com o contexto. Ai está, o contexto. O contexto não se reduz ao necessário. Ele é mais. É movimento, fenômeno, mutação. O contexto é conflito. É no conflito que se produzem as ideias. No conflito, produzimos as soluções, as tentativas, os erros. Errar é alfabetizar-se. Conflitar é ampliar do necessário ao utópico.

Esse é o desafio: ler além do necessário. Ler contexto. Decodificar o fenômeno, a crise, o conflito, para produzir contexto.

Pós século XVII, a ciência apontou para o método dizendo: não é mais necessário a essência, mas o método. Portanto, qual é o método para ampliar a leitura do necessário? Sugiro, de acordo com Paulo Freire, o método dialético. Sugiro a crítica. Sugiro o movimento de ideias.

Já se produziu um chavão social de que são as ideias que movem o mundo. Está na hora de discutir o que move as ideias: puro contexto! Conflito! Crise! É ali, nesse lugar, o lugar de substituir o necessário pelo ousar!

Se de um lado necessitamos de muito, de outro, ousamos pouco!

Amplie-se o que ousamos! Ampliem-se as utopias, os sonhos, os erros. Amplie-se a leitura do necessário! ((•)) Ouça este post

sábado, 20 de junho de 2015

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DIMIDIUM FACTI QUI COEPIT HABET: SAPERE AUDE!

 

cropped-hegel-aulaSe o título desta publicação te deixou curioso (a), busque saber! Sim! A proposta aqui se refere à isso mesmo: busque saber! Ouse Saber! A tradução do título desta postagem diz: “Aquele que começou está na metade da obra: ouse saber!". Immanuel Kant, filósofo, utilizou a expressão “sapere aude” convidando o leitor para que, através da filosofia crítica e do esclarecimento usar seu próprio entendimento para saber! É ousado! É desafiador! Portanto, convida-te à sair da zona de conforto. Ouse saber!

O projeto Sapere Aude, é desafiador no sentindo de apresentar a construção do conhecimento a partir de uma compreensão subjetiva, não mais e somente a partir do Racionalismo, nem, tão somente, a partir do empirismo. É o Criticismo Kantiano que está em discussão.

Elaborar críticas à dimensão metafísica, sem se deixar cair na experiência por ela mesma, ou na abordagem do inatismo, é o desafio de Kant.

Hoje, precisamos compreender que o Projeto Sapere Aude é uma proposta interessante. Afirmo isso, uma vez que a alienação emerge os homens no singelo significado do “fazer mais do mesmo”, que só pode convergir em uma alienação do homem ao seu mundo.

Assim, sapere aude propõe a emancipação antropológica em relação à teologia, bem como à metafísica. Ousar é mais que conhecer, é desafiar. É o saber interno mobilizando a crítica ao pressuposto da elaboração argumentativa discursiva, vazia, sem significado ou sentido.

Ousar saber é construir o espaço do homem concreto, em um mundo concreto, de problemas concretos. É emancipar o homem em direção à protagonizar sua história, sua vida.

Portanto, alguém precisa começar. Quem começou, já realizou boa parte da obra. É assim: o começo é sempre a metade do caminho. O limite está no desafio de começar. É no começar que muitas pessoas, sejam elas das mais diferentes profissões e saberes desistem. Por isso, o Projeto Sapere Aude é audacioso, provocativo! Precisamos começar…ouse começar!

Se o saber é o começo, é importante saber para ousar! Sugere-se, portanto, que o começou seja ousado e sábio.

Quantas obras, resultado de saberes estão estáticas. Faltou ousadia! Faltou coragem! Faltou desafio.

Se assim, faltar ousadia, tenha a coragem de usar o seu próprio entendimento, sua própria concepção! Ouse! Ouse saber! ((•)) Ouça este post

sexta-feira, 19 de junho de 2015

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RACIONALISMO, EMPIRISMO E CRITICISMO: O MUNDO, AS IDEIAS E AS COISAS!

 

filosofiaQuando investigamos as teorias do conhecimento a partir do Século XVII, encontramos nomes de grandes pensadores como Descartes, Bacon, Locke, Hume e Kant. Para tanto, como sugere a Filosofia moderna, o mais importante não é “o que é?”, mas sim, o “como?” das coisas. Em outras palavras, a busca de um método que seja capaz de mostrar verdadeiramente como chegar à um conhecimento verdadeiro.

Descartes, pai do Racionalismo moderno, aponta para as ideias inatas como possibilidade de conhecer. As ideias inatas, que são ideias que temos desde o momento de nossa concepção, estão em nossa alma. Nossa alma, é cópia da alma perfeita; portanto, o conhecimento nos é dado por extensão da ideia perfeita. Não há o que conhecer, apenas, como afirmava Platão na antiguidade clássica, é necessário o processo de reminiscência (relembrar do que já se sabe). Descartes, em sua abordagem do “como?” chegar à um conhecimento verdadeiro, cria o método cartesiano, com quatro premissas básicas na investigação da verdade.

Já no Empirismo, temos Francis Bacon, John Locke e David Hume. O Empirismo, de Aristóteles aos pensadores modernos, afirma a importância da experiência para o processo de conhecer. Importante perceber que, apenas Bacon aponta para o imediato da experiência como possibilidade da verdade. A experiência basta. É dela que se extrai a verdade. O que os sentidos captam, é a verdade. Mas cuidado! Bacon escreve que existem quatro tipos de ídolos, que são erros que ocorrem em nossas experiências. Esses ídolos tem origens diferentes, mas todos buscam nos desviar da real compreensão da experiência.

John Locke, sugere que a experiência não basta. É necessário a reflexão a partir dela. Para Locke, o homem é uma tábula rasa, ou seja, uma folha em branco. Não há ideias inatas. Dada a importância da experiência, é importante perceber que é através dela que vamos nos constituindo enquanto ideias.

David Hume, tem sua preocupação centrada na investigação em torno das ideias. Segundo ele, tudo que contém em nossa mente são percepções. Ele acentua a investigação sobre as percepções. Segundo Hume, conforme o grau de intensidade que as percepções se desenvolvem em nossa mente, elas se classificam em impressões ou ideias. As ideias são cópias de nossas percepções, que guardam semelhança com nossas impressões. Assim, as ideias são imagens mentais geradas pelas sensações.

Immanuel Kant, busca no Criticismo (Racionalismo Crítico) resolver o problema do Racionalismo e do Empirismo. Para Kant, as ideias são produtos subjetivos; são internas. Quando entramos em contato com a realidade, damos a forma às coisas de acordo com a ideia interna que temos dela mesma. Assim, o mundo externo é um produção da subjetividade humana.

Compreender o processo de construção do conhecimento foi e continua sendo um dos grandes desafios da Filosofia em todos os tempos. Essa inquietação corresponde à necessidade que temos de conhecer ao mundo e a nós mesmos. Depois dos pensadores modernos, são várias outras interpretações. Com certeza, eles deixaram seu importante legado no processo de investigação do entendimento humano acerca das ideias e das coisas. E nós? O que deixaremos? ((•)) Ouça este post

quinta-feira, 18 de junho de 2015

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PUBLICA-TE!

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Este é o apelo: publica-te! Fica a dica!

Em atenção à necessidade social da imagem diante do “diga quem és”, fica o apelo das redes sociais: publica-te!

Publica-te em imagens!

Publica-te em sons!

Publica-te em tons!

Publica-te em sonoridade!

Publica-te não em partes, mas na integridade!

Publica-te onde estás…na rua, em casa, na cama!

Publica-te em tuas alegrias!

Publica-te em tuas tristezas!

Publica-te em teu ódio, em teu amor!

Publica-te em tons de cinza, amarelo, azul, negro!

Publica-te em movimento, parada, ou paralelo!

Publica-te em teus desgostos, sonhos, pesadelos!

Publica-te em espaços públicos, privados, e íntimos!

Publica-te em harmonia, protesto, lamúria, consolo!

Publica-te em mortes, batizados, casamentos, formaturas!

Publica-te em horrores, medos, tragédias…

Publica-te em qualquer lugar, mesmo sabendo que não há lugar para publicar-te, mas publica-te!

Publica-te na infâmia, petulância, caminho!

Publica-te!

Publica-te à todos os momentos…publica-te!

Publica-te, e me digas: “Escreva aqui o que você está pensando!”.

Não pense! Publica-te!

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quarta-feira, 17 de junho de 2015

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DO LÍQUIDO AO ÓBVIO DESCARTÁVEL

 

Já ouviu falar que vivemos em tempos líquidos? Pois bem, essa é uma possibilidade de explicar a transição dos tempos idos em relação ao nosso tempo. Tempos idos são caracterizados como sólidos, lugar de relações sólidas, famílias sólidas, projetos de educação, política, economia sólidos. Em suma: valores sólidos. Nosso tempo transformou o que era sólido em líquido.

Diante dessa masmorra transacional de valores orientadores das relações humanas, percebe-se que o problema não está na mutação do sólido para o líquido, mas sim do líquido para o descartável. O liquido não tem forma, se espalha…se perde, escorre entre os dedos…evapora!

Observe que, valores fundamentais como respeito, paz, intersubjetividade, entreajuda, solidariedade, foram esquecidos! São apenas lembrados em momentos de tragédias e, logo passam. Logo deixam de ser eficientes. A eficiência está presa à utilidade. Negócio da hora! Marketing, propaganda ou publicidade! Valor é interesse…interesse é jogo de poder.

Houve, porém, o descarte do óbvio. O óbvio é ter valor. Descarta-se o valor do óbvio, o valor daquilo que tem valor. Do homem, o valor do humano – está descartado! Descarta-se a sensibilidade do artista, vendida, transformada em mercadoria…descarta-se a liberdade, e com ela a dignidade do ser livre…descarta-se a vontade humana de viver, e no lugar dela, o interesse solícito e frenético de viver bem – diferente que viver o bem!

O óbvio sofre por ser esquecido. Com ele, sofre o homem. O homem esquece o óbvio, esquecendo de si, da relação com outro, com o mundo, com o óbvio. Esquece…simplesmente, esquece.

O óbvio é aquilo que é dado em linhagem natural ao humano, lhe resta o livre-arbítrio para indicar a transcendência do óbvio ou o regresso à condição natural do animal humano. O óbvio seria transcender a condição natural, buscar a humanidade, fazer-se homem. O que vemos? O descarte do óbvio!

O óbvio se torna o descarte. Os entusiastas chamam isso de “processo de seleção natural”, eu chamo “processo de seleção social” - maligno, diabólico, excludente. Nesse processo, o óbvio humano é substituído, mutado do sólido para o liquido, do líquido para o descarte. Descarta-se vidas, sonhos, utopias…descarta-se o óbvio! ((•)) Ouça este post

terça-feira, 16 de junho de 2015

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ACORDAR DO SONO DOGMÁTICO!

 

sono_dogmaticoTranquilamente repousa sobre o leito da ignorância o homem dogmático. Este homem está preso ao seu fúnebre festejo da calmaria e da acomodação. Ele acha que sabe. Oh! Tranquilidade! Nele está o tilintar das algemas da noção do óbvio, do dado, do pronto, do acabado. Ele rejeita todo e qualquer movimento, uma vez que sabe que isto lhe causa terríveis dores. Seus músculos teóricos estão adormecidos na inércia do menor esforço…quanto menor for, melhor se sentirá.

Louva com intensa paixão e prazer, em seu leito das páginas fechadas, sua singela existência; minúscula, rudimentar, inesculpida pelo artesão do saber. Prefere as sombras, as janelas fechadas, os olhos cansados, a tranquilidade da sua esquecida e empoeirada lembrança.

De outro alento, minúscula é a luz da lâmpada que ilumina o caminho dos que buscam. Investigar é acordar. Acordar do sono dogmático é sentir o turbilhão de letras, números, utopias, sonhos…O acordar não se basta ao brilho do olhar que assustado olha para o desconhecido, é preciso mais! Acordar é sair do dogma, é investigar!

Mundo dogmático – como poderei decifrá-lo? Dos gregos antigos até hoje, a linguagem matemática tem sido o projeto, como também é o projeto do dogma. O inquestionável poderá ser decifrado? Compreendido? Investigado? Não! Me recuso à investigar fora da possibilidade e dentro da verdade.

Onde está, porém, o homem que dormia tranquilamente no leito do dogma? Levantou-se…foi buscar o esmero dos sábios que, esculpidos na cova terrena, deixaram suas ideias como lembranças e seus feitos como retrato.

Não pediram discípulos. Pediram homens livres! Pediram mais liberdade, mais saber. Serviram de mestres para indicar o que fazer quando o sol raiar, a vida brotar, a possibilidade aparecer…não pediram muito: apenas para acordar! ((•)) Ouça este post

segunda-feira, 15 de junho de 2015

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A DÚVIDA…ETERNA CONDENAÇÃO!

A questão do como conhecer é tão velha quanto a existência humana. duvidaSem o homem, o conhecimento não seria possível. O conhecimento está grudado na condição humana. A ausência do mesmo, diante do desafio da sobrevivência, torna o homem frágil. Não é a ignorância a mãe do conhecimento, mas a sua superação.

Querer superar o não-saber é, entre os humanos, a principal superação. Duvidou, descobriu, agora sabe! Sabendo, acomoda-se. Novamente, após o sentimento de acomodação, vem a dúvida!

É um problema conviver com a dúvida! Melhor é superá-la!

Como se quisesse descobrir como eliminá-la, partimos para a guerra da busca. Uma busca interminável, eterna, mutável, desconcertante do já aprendido, do sabido, do produzido. Duvidar é logo, apostar no não saber.

É difícil colocar-se no lugar de quem convive diariamente com dúvidas…a dúvida fragiliza, desconforta, dá lugar ao não-saber-por-enquanto.

Um filósofo chamado Sócrates, diz que o maior entre os homens é aquele que “sabe, que nada sabe!”; logo, não sabendo, busca saber. Mas o saber não é algo pronto, e sim, a ser construído.

Descartes parte da dúvida metódica. É preciso um método para se construir uma verdade. Embora ele soubesse disso, arriscou fragmentar para entender o que ainda não compreendia. A fragmentação nos custou caro!

Superar a dúvida com o conhecer: este é o desafio humano! E superar não é simples, pois exige do humano o estabelecimento da morada em um lugar inseguro, o ‘por enquanto’.

Encontrei um sábio homem que diz que o conhecimento é uma “construção provisória”. Verdade! Não pode o homem, ausentar-se do papel do provisório quando assume a constante construção. O saber não está na presunção do saber, mas sim do não-saber, ou pelo menos, de um saber provisório. Que dilema! O saber provisório representa a instabilidade do ser enquanto ente que conhece, ou que, convencido de sua superficialidade, busca saber mais.

Por fim, um saber provisório corresponde à inquietação da dúvida temporal, de um humano temporal. O que resta para depois? Somente a dúvida! Computador ((•)) Ouça este post

domingo, 14 de junho de 2015

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UM ODE À LOUCURA!

 

normal_magitte31_6O mundo em que vivemos é louco. Muito mais louco do que o mundo, somos nós. Não tem mais cura. A única tentativa de viver no mundo da loucura é ser louco. Há os que buscam a tentativa da insanidade consciente. A consciência é a mais sátira e mordaz inteligência da loucura; portanto, inalcançável.

A loucura domina o mundo. Pessoas buscam de forma insana objetivos que estabeleceram para si e que, mesmo em seus árduos esforços, jamais alcançaram, dada a insatisfação humana da busca.

Loucos...loucos pelo dinheiro, loucos pelo poder, loucos pelo prazer, loucos pelo saber, loucos pela religião, loucos…enfim, loucos.

Através de sua loucura o homem enclausurou-se na dimensão da ausência de dimensão. Vive em seus espaços sociais não localizados, porque localizada não está sua loucura. Trabalha insanamente colocando em cada artifício sua parte, sua alienação, sua vida, não suportando, porém, que a parte não corresponde ao todo da vida.

Busca através da loucura a felicidade do querer transcender a dimensão humana, tornando-se divino, racionalizando e quantificando o irracional e o infinito, incompreensível…

A mente louca é um privilégio. Tem em si a coragem, a sagacidade, a perspicácia de um profeta, de um louco que grita desesperadamente sussurrando palavras agudas aos ouvidos do tempo. O tempo passa, e a loucura fica. Há um abismo entre a loucura e o tempo: o homem. A realização da liberdade – garantia fundamental da humanidade – se realiza nesse tempo. Ainda mais, a loucura atinge as culturas, o direito, a filosofia, a educação, a psicologia.

Século da loucura! Século do progresso! Onde se escondem os homens férteis para o progresso de nosso tempo? Qual é o solo do desenvolvimento teórico e científico? Onde reside a felicidade suprema do homem? Uma só resposta: a loucura! Na loucura estamos todos nós! Eu, você, todos…

Loucura: princípio do que somos, meio em que estamos, fim que buscamos!

Um ode à loucura! ((•)) Ouça este post

sexta-feira, 12 de junho de 2015

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DIGO NÃO À MAIORIDADE PENAL AOS 16!

 

maioridade-penalSou educador. Não posso me posicionar a favor das prisões, do cárcere. Busco a liberdade. Educador é aquele que acredita nas pessoas. Educar é o ato de levar pessoas à transcenderem o simples, o natural, é buscar a liberdade. Somos natureza, mas não limitados a ela. A violência representa um ato natural, porém, quando social, torna-se potencializado pela inversão de valores educativos que existe em nossa sociedade.

Ser livre, é garantia de dignidade. Ser livre é responsabilidade individual construída nos espaços de coletividade. Liberdade é uma construção social.

É importante lembrar de Maquiavel: “O homem não é bom nem mau por natureza. Mas, tende a ser mau!”. Inspiração essa que nos leva a pensar sobre a possibilidade de transcendermos o natural de nossa existência. Transcender significa ir além. Transcender significa buscar em cada momento a humanidade, a civilidade. Transcender significa educar-se para a paz.

A violência é um estágio de não-paz. Um estágio estúpido da humanidade. A prática da violência é sempre a negação de algum aspecto da vida. Ao contrário, a violência pode representar um pedido pela paz! Que entendam os bons: o grito sufocante daqueles que estão em situação de violência social, oprimidos, pobres, miseráveis, dilacerados em seus direitos, só podem estar pedindo pela paz! Será, porém, a violência a melhor forma de fazê-lo? É o que lhes resta…o resto, lhes foi negado!

Portanto, combater a violência com a violência, sem proposta de aumentar o grau de humanidade que há em cada um, é como buscar o nada em lugar algum.

Violência se combate com diálogo, projetos saudáveis de potencializar o humano que há em cada um, o essencial, a garantia da liberdade. Violência se combate com educação, não repressão! Ninguém é violento, torna-se!

Digo NÃO À MAIORIDADE PENAL AOS 16! Sou educador! Acredito nas pessoas, acredito na mudança! ((•)) Ouça este post