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domingo, 24 de abril de 2011

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O HOMEM TRABALHA COMO FOI SOCIALIZADO!

02-sloveniaA socialização é um processo pelo qual, ao longo de nossa vida, aprendemos e interiorizamos os elementos que são trazidos pela herança cultural, tradicional e histórica. Esses elementos integram-se em nossa personalidade a partir de nossas experiências e, com àquilo que delas pensamos ter significados. Ainda, resta-nos o processo de adaptação cultural que extrapola a dimensão do indivíduo, focando o ambiente social em que o mesmo vive.

Em decorrência de vivermos em um país com diferenças culturais aguçadas, a socialização acaba por determinar diversos tipos de indivíduos. Assim, poderíamos dizer que, a forma que um brasileiro busca a satisfação laboral em uma determinada organização, pode não ser a mesma de outras culturas.

A cultura ramifica-se em sucessivas subculturas, ou seja, o que sugere uma diversidade de diferenças de socialização das classes sociais e profissionais. Assim, temos também o interim das ramificações culturais como determinantes da ação laborar do sujeito socializado.

Embora a socialização seja um processo que ocorre durante toda a vida, seu ápice está localizado na infância de nossa vida, após a qual, poderá mudar sim, mas em aspectos mais superficiais. Nesse cenário, aparece a importância de um modelo de educação infantil com profissionais que compreendam essa dimensão social. De outro modo, também se aponta para o papel da família que, ao inserir a criança no mundo social, também o faz socializar conforme sua herança cultural.

Portanto, a socialização condiciona quais serão os objetivos profissionais e pessoais dos homens. Caso alguém venha a desenvolver seu trabalho, como normalmente ocorre, independente da esfera pública ou do âmbito privado, o homem trabalha conforme seu processo de socialização.

Para tanto, é papel da educação compreender e conhecer os fenômenos de socialização, uma vez que influenciam diretamente na vida social do sujeito e no seu fazer produtivo. E mais, é importante para o educador também saber que, a aprendizagem dada no período da infância varia conforme o tipo de família e sociedade que a mesma se submete.

Por último, apostar em sujeitos sociais, é romper ou superar o isolamento social, seus traumas e suas concepções. Diria de forma rápida que, ser social é estar apostando no trabalho, na dignidade, e acima de tudo, na educação.

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sexta-feira, 15 de abril de 2011

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ÉTICA E EDUCAÇÃO: SINÔNIMOS DE FELICIDADE!

etica2Quando se fala em ética em educação, logo se pensa que seja apenas um adjetivo do campo teórico, mas não é. Nossa abordagem ocorre no sentido de demonstrar que, diferentemente dessa concepção tradicional, a ética está inscrita na própria natureza do ser humano, portanto, dependerá exclusivamente da ação praticada.

Aristóteles, grande filósofo grego, dá importância aos aspectos éticos dizendo que a mesma é uma tomada de decisão que nos leva à uma vida virtuosa, ou seja, feliz. A vida virtuosa se define pela moderação e pelo equilíbrio em nossa forma de agir, evitando os excessos e a falta. Aristóteles diz que é no equilíbrio de nossas ações que encontramos a Felicidade.

Aristóteles também define a Felicidade como a realização plena de nosso potencial. A vida feliz depende da formação educativa que temos, uma vez que o modo que uma pessoa é educada produz a sua prudência e, portanto, a sua capacidade de discernimento.

A Felicidade, segundo Aristóteles, é um objetivo visado por todo ser humano. A felicidade está relacionada à realização humana e ao sucesso naquilo que se pretende obter e que só se obtém na medida em que agirmos com discernimento (opção pelo bem ou mal).

Podemos perceber que, diante da imensidão do mundo, somos um microcosmos, por isso precisamos necessariamente um equilíbrio com os outros elementos do macrocosmos. Nesse sentido, a educação e o agir ético é a garantia desse equilíbrio.

A ideia citada acima aponta ao sistema atual como uma crítica a ser considerada: Enquanto o sistema apenas “formalizar” fins (vestibular, profissão, etc.), não estará primando para o essencial que é a formação do homem virtuoso, ético e, que saiba quando questionado a tomar uma postura harmoniosa diante do exposto.

Importante também que, conforme Aristóteles, a educação seja uma virtude a se tornar um hábito. Não adianta a sala de aula estar lotada se não existir a vivência diária dos valores que ali se discutem, experienciam, etc.

Por último, é também papel do professor, segundo o pensamento pedagógico de Aristóteles, dar conselhos práticos. O professor é formador de opinião, no entanto, não está isento de apresentar-se enquanto alguém moderado, temperado e equilibrado no sentido ético.

Assim, no momento em que a educação e a ética estão próximas, só pode haver uma busca incessante para uma vida feliz. No entanto, é importante lembrar que, mais uma vez, a virtude não é algo inato, mas resulta do hábito. Um valor vem a se tornar virtude somente no momento em que ele for vivido dia após dia.

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sábado, 9 de abril de 2011

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POBRES INOCENTES CULPADOS

 

tragedia-Rio-de-Janeiro-7-de-abril-2011Diante do assassinato de crianças, não se pode dizer muita coisa. Apenas podemos elaborar algumas perguntas que não querem calar: Que sociedade é essa que culpa as crianças pelas atrocidades cometidas pelos adultos? Que sociedade é essa que coloca projéteis no lugar de sonhos? Que sociedade é essa que ao invés de poetizar o mundo com vozes alegres de crianças, desprende a tristeza e o rancor por meio de gemidos de dor? Enfim, que sociedade é essa que transformou nossas crianças em alvo de nossa estupidez adulta?…entre outras…

Ficamos acometidos por pensar de que, todo sujeito marginal também é produzido pela sociedade, e o pior, saber que o atirador de Realengo também foi estudante! Que efeito moralizante tem produzido a educação na vida de pessoas como essas?

Atentamos, visualizando como nos últimos anos a violência contra a criança tem se produzido em massa. Em 1993, ocorreu a Chacina da Candelária e também a de Vigário Geral. Sobrevivente da Chacina da Candelária, o garoto Sandro, em 2000, sequestra um ônibus no RJ e deixa por vítima uma estudante universitária. Como se não bastasse toda essa agressão e descompasso social, em 29 de março de 2008, Isabella de Oliveira Nardoni foi defenestrada do sexto andar do edifício em SP onde morava pelos próprios pais. E, infelizmente casos e mais casos são mostrados todos os dias. É o efeito “bola de neve”.

Tudo isso serve para nos mostrar que vivemos em uma sociedade extremamente patológica. Uma sociedade preocupada em questões ambientais, econômicas, políticas, etc., mas onde o maior problema é de fato, a convivência social das pessoas. Essas pessoas que culpam as crianças pela ignorância adulta são por imediato produtos de um sistema dissonante, destoado e antes de tudo, falido do ponto de vista ético e moral.

Elas não têm culpa! São pobres inocentes culpadas por uma sociedade que pensa resolver seus problemas matando gente! São frutos de uma sociedade que valoriza o supérfluo em detrimento ao necessário. Frutos de uma sociedade que coloca o tempo de amanhã na possibilidade de viver o hoje; que desloca os valores do passado chamando-os de “retrógrados” enquanto adianta a falta de regras, de justiça e de consciência coletiva.

É inadmissível que continuemos a manter como está uma instituição social como a escola. Ela precisa ser reformulada. Ela não pode ficar produzindo o seu próprio assassino. Ou educa-se para a vida, justiça e paz, ou o que significa educar? Assim, penso que é hora de pensarmos urgentemente o papel social da escola para não culpar os inocentes pelas atrocidades existentes.

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sexta-feira, 1 de abril de 2011

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SOBRE A VIDA NA CIDADE…

 

DSC01412No mundo todo, as cidades são caldeirões de intensa atividade. Na cidade, reúne-se uma grande variedade de seres humanos. Pessoas de cor, religião, cultura e costumes diferentes vivem lado a lado. É na cidade que as decisões políticas e econômicas mais importantes são tomadas. As cidades, são o ponto de origem das modas e das tendências.

Nas cidades, os contrastes sociais são grandes. A miséria e o esplendor existem paralelamente. As cidades contém multidões enormes, mas podem causar infinita solidão, medo e angústia.

Em todo o mundo, as cidades estão crescendo, não apenas em número de habitantes, mas em tamanho e densidade. Os habitantes urbanos tem cada vez menos espaço privado e são constantemente vigiados pelas câmeras do interessados no consumo e marketing.

Por mais que o cenário da cidade apareça nessa transe, hordas de pessoas migram para as cidades em busca de maiores e melhores oportunidades de trabalho e acesso aos bens produtivos. Mas não foi sempre assim. Até pouco tempo atrás, a maioria das pessoas viviam em zonas rurais, afastadas do comércio. A maior parte das pessoas, raramente comprava alguma coisa. Hoje, nas cidades, tudo pode ser comprado. Tudo que consumimos na cidade, é comprado. Mesmo que não necessitamos de tudo o que se vende, somos estimulados a comprar.

Na cidade, somos estimulados a comprar produtos e ideias. No entanto, para isso, necessitamos de poder aquisitivo, ou seja, dinheiro. Quem não o têm, permanece à margem daqueles que “podem”.

O poder não é algo inerente à todos na cidade. Ter poder na cidade é manter relações apropriadas em ambientes apropriados. Ou seja, relações de comércio que possam gerar lucro, por isso, estar com as pessoas certas no local certo, vendendo o produto certo, pode se tornar uma atividade imensamente lucrativa e geradora de poder.

O poder gerou relações de competitividade na cidade. Em outros termos, a competitividade acelerou a vida das pessoas a ponto de não se reconhecerem mais como pessoas e sim, como máquinas.

A vida acelerada e competitiva afastou os laços afetivos das pessoas, colocando no lugar deles laços contratuais. A liberdade de pensamento existe, mas a ação é pouco acentuada em seu existir oculto.

Precisamos repensar a vida das cidades. Precisamos politizar as relações entre as pessoas, educando as crianças, os jovens e os adultos para uma mentalidade mais madura, aberta e flexível em relação à vida na cidade. Precisamos reconstruir as relações de vizinhança e de bom senso em nosso espaço de convivência. Enfim, a cidade precisa ser reeducada.

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