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sábado, 27 de fevereiro de 2010

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TRANSIÇÃO OU CRISE NA EDUCAÇÃO?

Vivemos um momento de mudanças. Há quem entenda esse processo do ponto de vista fragmentado, elaborando um estereótipo do momento: a Crise. Por outro lado, há então àqueles que buscam tomá-lo do ponto de vista da complexidade e o assumem como um momento de transição. Consenso_69165415

Elaboramos uma nova pedagogia: a do diálogo. Estabelecer um diálogo, uma comunidade discursiva de falas é fundamental para a construção desse novo paradigma educacional. A pedagogia do diálogo carrega em sua bagagem a constituição do que é e do como está se realizando essa transição. A principal mudança reside na abordagem dos processos de ensino-aprendizagem.

No Paradigma moderno ou atual, os processos de ensino aprendizagem apontam para uma abordagem de transmissão do conhecimento. Transmitir implica em um receptor. Na escola, professores transmitem e alunos recebem. Assim, acontece uma relação de Sujeito è Objeto, onde o transmissor (Sujeito-Professor) determina o objeto a ser transmitido, bem como o seu significado. Já o Objeto (receptor-aluno) apenas o assume em uma hipótese de acúmulo de conhecimento.

Surgem diversas críticas sobre essa concepção. A maior delas vai ao encontro da Teoria da Ação Comunicativa de Jurgen Habermas. O Filósofo propõe uma guinada histórica nesse processo. Antes de mais nada, Habermas propõe como método a comunidade discursiva de fala, ou seja, é um espaço onde se considera as diferentes opiniões, culturas, entendimentos, etc., e, sob a pretensão de se chegar à um consenso, constrói-se uma nova relação: Sujeito çèSujeito. Note, que antes o que apenas ia, agora também retorna. Isso quer dizer, ensinar e aprender é um feed back constante. As trocas são fundamentais. Muito mais que elas, o confronto epistemológico no sentido de, tanto o professor quanto o aluno estarem abertos à discussão. Nesse método há a construção, desde os planos de trabalho interdisciplinares, quanto às metodologias utilizadas. A partir dessa proposta, o aluno não apenas recebe, mas dentro de sua disposição natural e desejo de conhecer, participa efetivamente da construção do professor. Sim! Para muitos um desafio: construção do professor! Vale lembrar que, a visão moderna do ensino assentado sob a premissa da autoridade se desconstrói e, no lugar dessa, nasce um novo papel docente: o neomoderno.

A Pedagogia Neomoderna quer reconstruir a Modernidade, mas de uma forma à repensar quais foram os pontos falhos, não na intenção de corrigi-los, mas de reconfigurá-los. Diante dessa urgência, reconfiguram-se os papéis políticos, pedagógicos e sociais dos professores e alunos.

Pedagogicamente, alteram-se as disposições que dão domínio de classe, ensino, postura profissional por meio da autoridade delegada ao professor. O professor é apenas, como dizia Sócrates, um “parteiro” de ideias. As ideias estão/são produzidas pelo aluno, mas sempre é necessário um “trabalho de parto” para orientar o nascimento das mesmas.

Dessa forma, a Crise, conceito exagerado e extremo, toma a dimensão da transição que, para um sistema que arruína, outro que nasce! Ao novo, delega-se a competência, habilidade, formação continuada e responsabilidade política e social, uma vez que a transição exige amadurecimento e postura profissional.

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sábado, 20 de fevereiro de 2010

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A INDISCIPLINA E A ESCOLA

indisciplina O fenômeno indisciplina tem feito professores e pais escravos de sua condição de educadores. Infelizmente contemplamos diariamente, seja à luz, seja às escondidas, focos de indisciplina. De uma maneira geral, observa-se que a indisciplina carrega em si uma bagagem social, ou seja, o indisciplinado não é fruto apenas dessa ou daquela instituição. Na maioria dos casos, observa-se que a indisciplina é fator resultante da somatização de vários processos, ou seja, por vezes do excesso de liberdade que se converge em libertinagem; por outras, carência de responsabilidades.

Muitos são os casos que cotidianamente são visualizados pela mídia com o enfoque no fator “violência”. Indisciplina gera violência! Basta observar professores e colegas de classe agredidos, seja verbal ou fisicamente, pais violentados, ameaçados, bifurgados entre a vida e a morte. Esses pais, pobres pais, não desistem de lutar pela vida de seus filhos. Muitos de seus filhos estão envolvidos com fatores externos à disciplina familiar e escolar, ou seja, o uso de drogas, pequenos delitos, imprudências sociais em seus comportamentos, entre outros.

Há um reclame exagerado pela ação dos Conselhos Tutelares, mesmo que partindo do ponto de vista da má compreensão do Estatuto da Criança e do Adolescente. Punição? Será a solução? Quais medidas adotar tendo em vista essa problemática? Uma coisa é certa: deixar como está, não dá!

Tem-se em evidência que a prerrogativa básica “empurrar” o problema de uma instituição social para outra não tem resolvido e eliminado com a ação indisciplinar. No entanto, essa medida parece ser a mais utilizada, seja pela família, seja pela escola. Outra, que não tem feito efeitos é quando uma instituição assume determinada causa buscando estudá-la e resolvê-la, de outro lado, a outra instituição cria uma “bolha” com baixa visibilidade e excessiva superproteção.

Diante dessas duas medidas, há que se congratular ainda aqueles que insistem no trabalho de “formiguinha”. Bater de frente com uma geração que se permite apenas o que lhe interessa é perda de tempo. Nesse sentido, a negociação é o melhor caminho. Não entenda negociação como “política de compensação”, ou seja, “faça isso que te dou aquilo!”. Isso nunca funcionou! E se teve efeito, foi momentâneo!

O trabalho de “formiguinha” está estruturado no método do diálogo, onde cada um faz a sua parte. A medida corretiva é o diálogo. Os agentes desse trabalho não devem prever efeitos imediatos, uma vez que o próprio trabalho também não o é.

Interagir com o sujeito a partir de seus anseios, desejos e frustrações, parece ser um bom caminho. Nunca se colocar como aquele que sabe e que está ai para dizer o que deve ou não deve fazer com sua vida. É necessário lembrar sempre que dialogar não é dizer o que se deve fazer! Dialogar é trocar com o outro experiências de vida, conhecimentos que vão além ambiente familiar ou escolar. E por último, nunca tirar qualquer conclusão ou juízo precipitado. Ninguém gosta de ser julgado; todos gostam de serem entendidos.

Esses apontamentos que coloco acima são apenas indicativos, existem outros tantos, experiências maduras que nos ajudam a refletir sobre a questão Indisciplina. Solução? Não sei. O importante é não parar de refletir, porque se isso acontecer, cada um estará fazendo sua parte para que a questão da Indisciplina fique mais aguda e mais distante de nossas possibilidades.

Não queremos controle! Queremos apenas respeito!

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

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A PRIMEIRA VEZ É FUNDAMENTAL!

amigos1Estamos iniciando mais um ano letivo de aulas. Para muitos, desejos, sonhos, perspectivas e acima de tudo, construção de um futuro feliz! Para outros, um momento nem tanto agradável. Afinal, nem todos gostam quando se fala em aulas, avaliações, etc., mas, todas essas atividades fazem parte de um processo que se julga e se entende como necessário.

No começo, o que importa? Importa começar bem! Para tanto, o planejamento é fundamental. Como ninguém gostaria de ser mal recebido na casa de um amigo que está a visitar depois de muito tempo, também na escola podemos nos sentir mal quando a nossa  primeira vez de estar inseridos nesse ambiente for desagradável. Portanto, a primeira vez é fundamental!

Mas quem acolhe a primeira vez? Com certeza, alguém que já foi acolhido alguma vez. Desenhamos em nosso trabalho docente a forma como entendemos o ambiente em que trabalhos. Assim, se o professor mal acolhido, seu desenho evidenciará o testemunho de tamanha decepção. Enfim, seja quem for, professor, alunos, funcionários, direção, pais, comunidade educacional, todos devem ser bem acolhidos. E ser bem acolhido não significa apenas um bom dia no portão de entrada da escola; ser bem acolhido significa começar bem!

Assim, quando se começa bem se tem significado ao que se vai fazer, se presume que ali seja um bom lugar para estudar, fazer amigos, compartilhar sentimentos, emoções, angustias e muitos sonhos, até quem sabe, para muitos, uma paquera.

Dessa forma, a primeira vez é fundamental! Quando entramos em contato com nossa escola, seja pela primeira vez, seja um retorno depois das férias, devemos nos acolher mutuamente para que todos quantos estejam ai, sintam-se acolhidos.

Depois da acolhida, nada melhor, mais necessário do que continuar o encantamento e os desafios com o processo de aprender. Justamente, se vai à escola para aprender e, aprendendo, ensinar! É nessa troca que vão se constituindo mutuamente os processos de acolhida nas escolhas. A maior acolhida é a descoberta de novos caminhos do saber, o enfrentamento de novas situações problemas e o contato e a troca com o outro que enquanto aprende conosco, também nos ensina.

Assim, todos os dias é o dia da primeira vez na escola! O desafio é o sabor do novo!

Desejo, desde já, ao inaugurar essa coluna sobre temas em educação, um ótimo ano letivo imerso em desafios constantes que fazem nossa vida discente e docente ser reconstruída à todo momento!

Contínuas trocas de saberes à todos!

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domingo, 14 de fevereiro de 2010

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OS ADOLESCENTES E A ESCOLA

Estamos iniciando as atividades escolares 2010. Junto à essas, as reclamações dosrudineinaURIcomterceiroano adolescentes em relação ao retorno às aulas. Mas, o que fazer para que a escola se torne um espaço agradável? Será que nós, educadores, pais e professores podemos contribuir para isso? Dou algumas dicas:

Realidade: Muitas vezes, por ser cheia de normas e regras a escola acaba negando os espaços de liberdade para os adolescentes, tirando o significado de os mesmos estarem aí. Sabemos que as normas e regras servem para orientar, mas, quando exageradas podem causar danos ao aprendizado e significado da escola. Muitos tentam superar este mal estar gazeando aulas (sentam nas últimas cadeiras, escrevem bilhetes, planejam o final de semana durante as aulas, etc). Devemos então estar atentos aos desejos, sonhos, perspectivas, interesses dessa galera, buscando-os e atribuindo-lhes responsabilidade sobre a realidade da escola. Conhecemos realmente essa fase da vida?

Compreendendo: Na adolescência, muitas vezes, outras descobertas são mais importantes que o estudo. Isso se deve à fase de descobertas afetivas em que os mesmos se encontram. Nesse sentido, a escola passa a ser um ponto de encontro, ou ainda, um espaço onde as diferentes sexualidades, interesses e grupos se relacionam. Assim, a escola pode ir ao encontro dessa dinâmica, utilizando-se desse pretexto para a construção de conhecimento. Como diz o ditado “não adianta coçar a cabeça, se a coceira está no pé”. É necessário focalizar as atividades. A partir disso, surge o entendimento, ou seja, ao invés de nos incomodarmos com eles, devemos nos aproximar para potenciá-los criativamente.

Organizando: É possível começar a mudança no ambiente escolar? Se você respondeu sim, pense bem, pois é necessário seu engajamento, seja você pai, mãe, responsável, professor, ou até mesmo estudante. A mudança não depende exclusivamente dos professores! É necessária a conscientização dos pais, pois eles também fazem parte do processo educacional. Já em relação aos adolescentes, a consciência deve partir da ideia de que não se estuda somente pela “nota”, mas a compreensão de que o esforço pode ser recompensado pela construção do saber, compreensão de mundo, convivência com colegas, possibilidade de agir coletivamente…entre outros. Será possível essa ideia?

Recriando: Estudar é muito mais que frequentar aulas. Estudar é envolvente, pois coloca diante de nossos olhos os confrontos sociais, seja da escola, seja em casa. Estudar é a possibilidade de se renovar, mudar de ideia constantemente, criar, descobrir, recriar e, necessariamente é um desafio muitas vezes chato e cansativo. Recriar os espaços escolares é participar junto, ser co-responsável pelo desenvolvimento das atividades.

Transformando: À medida em que conhecemos a realidade, compreendemos quem dela convive, organizamo-nos para enfrentar os seus desafios, recriamos os espaços de aprendizagem dando-lhes o devido significado, estamos transformando a nossa maneira de ser, pensar e agir. Assim, o novo está aí. Ajude os adolescentes a se organizar, mudando atitudes com determinação e empenho, mas acima de tudo, os compreenda.

Por fim, comece a mudança por você! Você é o espelho das futuras gerações. E se o espelho não reflete bem a realidade, o mundo adolescente fica bem mais embaraçado. Lembre-se: Um gesto vale mais que mil palavras! Sucesso!

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

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TEORIA POSITIVISTA-FUNCIONALISTA: “O IDEAL É TUDO PERMANECER SEMPRE COMO ESTÁ!”

sistema Existem basicamente duas grandes teorias no estudo da Sociologia: A Teoria Positivista-Funcionalista e Histórico-Crítica. Abordaremos a primeira, também chamada de Positivismo.
O Positivismo, corrente de pensamento assim chamado porque pressupõe que a realidade é tal e qual está ai – colocada, posta à nossa frente, assume que não há outra proposta além da que já existe. Ou seja, o que for considerado projeto alternativo à realidade, deve ser deixado de lado, pois representa uma anomalia social, uma utopia, algo que do ponto de vista positivista vem a desencadear a ruína social. Então, o ideal é tudo permanecer assim como está. Acrescenta-se ao espírito positivista a noção funcionalista. Quer dizer que, além de tudo permanecer como está, é necessário que esteja funcionando.
A teoria funcionalista assume que tudo o que existe tem sua função. A vida social é um organismo e, cada agente social é um membro desse processo orgânico. Em outras palavras, aquele que não estiver presente nesse organismo, nesse sistema, deve ser eliminado. A coisa deve funcionar, pois conforme o positivismo-funcionalista tudo o que ai está tem sua finalidade.
Nesse paradigma podemos assumir que até a pobreza tem a sua razão de ser. Um sociólogo americano disse que a pobreza é essencial para a sociedade, pois ela também tem suas funções. E não vamos longe, entre nós, já existem pessoas que buscam justificar as desigualdades sociais e a pobreza por esse argumento. Nada pode desequilibrar o funcionalismo do sistema. As pessoas que compartilham dessa visão são aquelas que pensam o mundo organizado, nada está fora das funcionalidades impostas pelo sistema.
Aqui aparece um problema ético: toda diferença quando parte a existir representa uma anomalia, não presta! Deve ser eliminada. Por isso, quando algum movimento social, ou mesmo algumas instituições buscam mexer ou mudar algo nesse sistema pré-estabelecido sua ação é julgada como antiética, uma vez que busca desagregar as funcionalidades da ordem social.
Esse sistema precisa encontrar mecanismos para sobreviver e manter sua hegemonia: se utiliza das instituições sociais, entre elas a academia. É no Ensino Superior que as teorias se explicam, se garantem e se legitimam. Compete junto à ela, todo o aparato educacional, ou seja, família, escolas, Igrejas, Clubes, partidos políticos, etc., todos esses lugares supostamente para “fazer a cabeça” das pessoas a partir dos pressupostos de um modelo que busca se manter e que, de todas as formas, interessa à poucos.
Ficam perguntas: Em que tipo sociedade você quer viver? Quer pensar igual à todos ou prefere sua força de opinião? Se você não consegue pensar diferente, você nunca irá mudar; não mudando, não pode desejar algo diferente para você e para seus filhos.
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domingo, 7 de fevereiro de 2010

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A PEDAGOGIA DAS CENTOPEIAS

Vivemos um momento caracterizado pela liberdade de expressão. Em the_wallartigo recente no Jornal Zero Hora (N.º 16234 – 02/02/2010), na Seção de Artigos, encontramos afirmações sobre a questão se o professor aprende ou não com os alunos. Naquela coluna jornalística a afirmação era de que nada os professores aprendem com seus alunos. Apenas os alunos devem aprender com os professores. E por fim, ainda resta a afirmação de que aqueles que procedem considerando que a aprendizagem ocorre na troca de conhecimentos entre professores e alunos são constituintes da chamada “pedagogia das centopeias”; ou seja, tem muitas patas e vivem se arrastando.

Discordo! Sempre fui defensor de que o novo paradigma da educação a ser construído aponta para o consenso intersubjetivo, ou ainda, é a partir do entendimento entre as esferas educacionais, seja no processo de gestão escolar, seja na própria sala de aula quanto ao relacionamento de ensino-aprendizagem entre professor e aluno que se fazem relacionar o verdadeiro significado da educação.

Escola não é cinema, teatro, ou coisa do gênero! Escola é lugar de participação! Ninguém vai na escola apenas para assistir aulas. As aulas são construídas pela interação do professor e aluno e vice-versa. Como então sustentar um ponto de vista tão antiquado quanto ao da pedagogia das centopeias?

Outro aspecto importante à considerar é a possibilidade de mal compreendido o processo de construção do conhecimento pode dar a impressão de estar se “arrastando” feito centopeia. Não é morosidade no processo, apenas faz parte pois os tempos e espaços de aprendizagens são diferentes de pessoa para pessoa. Não se pode trabalhar em escola com espírito de empresa, ou seja, metas precisam ser alcançadas, mas padrões não podem ser estabelecidos. Padronizar, rotular é ao mesmo tempo voltar no tempo. Portanto,  essa interpretação feita pelo artigo de Zero Hora não merece crédito daqueles que acreditam em educação.

No entanto, afirmar que somente aluno aprende com professor é acentuar o caráter de memória. Volta-se no tempo em que aprendizagem estava ligada à capacidade que o aluno tem de decorar coisas – acumular informações em sua memória. Deus me livre! Prefiro acreditar que estamos andando no caminho certo! Se for valido o critério da memória, pobre povo brasileiro, que nota teria na escola da vida? A justificativa se dá porque se esquece em questões de semanas ou mesmo meses o que aconteceu no cenário político, econômico, social, etc.

Quem escreveu aquele artigo foi um professor, com certeza o mesmo nunca foi educador. Ser educador implica em aprender ensinando. Negar a possibilidade de aprender é se transformar em um ditador! Você não gostaria de ter um professor, um pai, um presidente, um chefe ditador? Por enquanto, prefiro a pedagogia do entendimento.

Precisamos construir uma educação baseada na aprendizagem multicultural, ou seja, o aprendizado é uma competência sendo considerada a partir do ouvir as “vozes” de todas as culturas, jeitos, religiões, tradições, etc. Jamais nos considerarmos donos do saber! Antes disso, prefiro ser uma centopeia.

Link para Artigo de Zero Hora: ZH - A Pedagogia das Centopéias

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

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DISCUTINDO A GERAÇÃO DELIVERY

The small businessmanCompromisso e responsabilidade são palavras que atualmente não fazem muito sentido para a geração delivery. A geração delivery é o momento do já pronto, do descartável, da produção rápida e do rápido consumo, das relações rápidas. Tudo é tão rápido que nada merece reflexão, muito menos compromisso e responsabilidade sobre o que se faz nesse universo da velocidade.

Eles estão em toda parte! São os jovens filhos dessa geração. Para quem não é pertence à ela, por ela é visto como “lento” demais.

Essas pessoas assistem TV ouvindo rádio e ao mesmo tempo teclando em seus computadores. É a geração que fala com a mãe, com o amigo no Messenger e ainda com a namorada no telefone. Tudo ao mesmo tempo! Foi-se o tempo em que diziam que as mulheres podem fazer duas coisas ao mesmo tempo. Essa geração faz muitas coisas ao mesmo tempo.

Os contatos de tão rápidos, chegam a ser superficiais. Ficar é dar um beijo sem saber o nome da outra pessoa, a idade, o que faz da vida, opção sexual, etc. O tempo é tão líquido que chega a escorrer pelo ralo do esquecimento. Tudo é “momento”.

Diante de toda essa velocidade, é preciso parar. Quem é pai de um ‘delivery’ precisa saber que, aquele jovem que recebe tudo “caidinho do céu”, sem qualquer tipo de conversa, proximidade, sem ter que ouvir aquele antigo blábláblá dos pais, sente-se inseguro, solitário e, poder ficar deprimido pois visualiza-se em uma situação de desamparo – sem ninguém.

Em virtude dessas transformações sociais, como por exemplo o surgimento da delivery, os pais e professores se tornam mais compreensivos, toleram mais…agem com mais liberdade e permitem maior expressão sexual, ideológica. Enquanto o amadurecimento da geração anterior acontece, a geração delivery está angustiada, stressada, deprimida diante das escolhas profissionais e com dificuldade para desabafar.

O que fazer? Não podemos ficar insistindo em ressuscitar o passado. O que passou, passou! Mas também não podemos esquecer que aquilo que passa nem sempre é esquecido. E se não foi esquecido é porque é importante. Isso é o que devemos fazer: valorizar os aspectos positivos, repensando os negativos. Quem sabe a geração delivery não seja apenas uma rápida transição entre àquilo que é considerado antiquado e o tão sonhado novo?

Outrossim, pais e professores devem estar preparados para encarar essa mudança como um desafio. Modificar os métodos de ensino sem perder a essência daquilo que se pretende. Já a família, não pode esquecer que é uma família. No entanto, não é apenas o poder que circula os laços afetivos, mas principalmente a capacidade de amar de cada um. E a geração delivery é carente de amor.

Se você tem um delivery em casa, converse com ele. Busque entender, afinal, fomos os deliverys de nossos pais, agora nossos filhos são nossos deliverys.

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